O tabagismo oferece muitos riscos à saúde. Tanto é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende políticas para a redução do consumo, que é a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O cigarro é o único produto legalizado que mata até metade dos usuários, sendo responsável pelo óbito de 1 em cada 10 adultos. Isso corresponde a 8 milhões de pessoas por ano no mundo, sendo 7 milhões de fumantes ativos e 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo.
“Além disso, há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo, cuja expectativa de vida é pelo menos 10 anos mais curta do que a dos não fumantes”, afirma o psiquiatra Fernando Yukio Tomita, coordenador do Serviço de Interconsulta Psiquiátrica do Vera Cruz Hospital. No Brasil, iniciativas de prevenção, medidas legais e maior acesso a tratamento têm contribuído para reduzir o tabagismo.
Mesmo assim, dados de 2023 do levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, apontam que 9,3% da população brasileira ainda é fumante – entre as pessoas com mais de 18 anos. Destes quase 14 milhões de brasileiros fumantes, 11,7% são homens e 7,2% mulheres. Além disso, a morbimortalidade relacionada ao tabaco permanece como um dos principais desafios da saúde pública.
Outra preocupação está relacionada aos cigarros eletrônicos, também conhecidos como Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), vapes ou pods. Mesmo proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esses dispositivos têm uso crescente, particularmente entre jovens, o que vem gerando uma nova geração de tabagistas. Embora pareçam inofensivos, os cigarros eletrônicos também aumentam os riscos de doenças cardíacas e pulmonares. E a nicotina presente no dispositivo é viciante e compromete o desenvolvimento cerebral em crianças e adolescentes.
Motivos para parar de fumar
O tabagismo oferece muitos riscos, por isso, a OMS listou mais de 100 motivos para parar de fumar. Dentre as razões está o efeito imediato na aparência, com dentes amarelados, mau hálito, pele enrugada, cheiro na pele, nas roupas e no ambiente. Ademais, há um risco maior de desenvolver psoríase e quadros graves de Covid-19. O tabagismo também causa doença periodontal, uma inflamação crônica que desgasta as gengivas e pode levar à perda dos dentes.
De acordo com o médico Fernando Yukio Tomita, que é especialista em dependência química, o tabaco também é fator de risco para a demência, incluindo a doença de Alzheimer. Os fumantes passivos, como amigos e familiares, têm risco maior de desenvolver câncer de pulmão, diabetes tipo 2 e progressão da infecção tuberculosa para a doença ativa. “Anualmente, 1 milhão de pessoas morrem devido à exposição ao fumo passivo, e isso também vale para os cigarros eletrônicos”, alerta.
Outros riscos
O hábito de fumar também aumenta a probabilidade de infertilidade e disfunção erétil. Além disso, fumantes têm risco duas vezes maior de acidente vascular cerebral (AVC) e quatro vezes maior de doenças cardíacas, pois a fumaça danifica as artérias do coração. Sem contar que causa mais de 20 tipos de câncer, sendo responsável por 25% de todas as mortes por câncer no mundo.
O meio ambiente também sofre, uma vez que as bitucas de cigarro estão entre os resíduos mais descartados em todo o mundo. Ademais, são os mais comuns coletados em praias e margens fluviais, o que representa um grande risco para a contaminação dos lençóis freáticos porque possuem substâncias perigosas como arsênio, chumbo, nicotina e formaldeído.