Logo Yakult 90 anos - Site
Síndrome da respiração bucal

• Espaço Aberto

Respiração oral pode indicar problemas de saúde

Escrito por: Fernanda Ortiz

Apesar de parecer um comportamento inofensivo, respirar constantemente pela boca pode ser indicativo de um problema de saúde. De acordo com a prática clínica, cerca de 30% das crianças em idade pré-escolar sofrem com a síndrome da respiração bucal/oral. Essa condição pode afetar diretamente o crescimento e o desenvolvimento das crianças. Além disso, pode aumentar a incidência de infecções respiratórias, prejudicar o sono, a mastigação, a deglutição e o rendimento escolar. Ao identificar esse problema, a orientação é buscar atendimento especializado para evitar possíveis prejuízos.

O nariz funciona como um filtro de ar e, quando a respiração é feita exclusivamente pela boca, todas as impurezas, como vírus e bactérias, penetram mais facilmente no organismo. Com isso, há um risco aumentado de desenvolver infecções respiratórias. A respiração oral, portanto, não é fisiológica. “Quando a criança respira pela boca, algo está impedindo que a respiração nasal aconteça de forma adequada”, alerta a médica otorrinolaringologista Katia Virginia, do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE).

Sinais mais evidentes

As principais causas da síndrome da respiração bucal em crianças incluem rinite alérgica, hipertrofia das adenoides (aumento de tecidos localizados atrás do nariz), hipertrofia das amígdalas e desvio de septo nasal. A especialista comenta que os sinais são visíveis especialmente durante o sono. “Dormir com a boca constantemente aberta, babar excessivamente, roncar, ter o sono agitado e fazer pausas na respiração durante o repouso são indicativos importantes”, detalha. Além disso, é comum que crianças com esse quadro tenham como característica a voz anasalada.

Mais do que o impacto noturno, a ausência de respiração nasal pode comprometer o crescimento da face e a formação da arcada dentária. A médica lembra que 60% do crescimento craniofacial ocorre até os 4 anos de idade e 90% até os 12 anos. “Quando a criança respira pela boca há aumento da resistência nasal, o que afeta diretamente esse processo”, alerta. Isso pode resultar em alterações na estrutura do rosto e da dentição, com a arcada dentária superior para a frente e a posterior para trás, com prejuízo da mastigação e deglutição. Da mesma forma, pode afetar o aprendizado, o crescimento físico (pondoestatural) e o comportamento.

Saúde em risco

Um dos quadros mais preocupantes em crianças com respiração bucal/oral é a apneia obstrutiva do sono. Nesta condição, a respiração é interrompida repetidamente durante o sono, prejudicando a oxigenação adequada. “Esse distúrbio pode reduzir a produção do hormônio do crescimento, que é liberado principalmente durante o sono profundo. Como consequência, pode haver impacto direto no desenvolvimento físico da criança”, observa a médica. Diferentemente do adulto, que apresenta especificamente sonolência durante o dia, a criança com apneia pode manifestar sintomas como hiperatividade, agressividade, isolamento social e dificuldades de aprendizagem.

Atenção é essencial

Diante de tantos riscos, a atenção dos pais é essencial. De acordo com a especialista, se a criança está respirando pela boca com frequência sem estar gripada, se apresenta dificuldades escolares e de socialização e alterações de comportamento ou de crescimento é preciso procurar um otorrinolaringologista. Além de avaliação clínica detalhada, um dos exames diagnósticos mais utilizados é a nasolaringofibroscopia.

“Esse procedimento é realizado no consultório com uma fibra óptica flexível que permite visualizar as vias aéreas de forma confortável e segura”, orienta. Outros exames como tomografia, testes alérgicos, polissonografia (estudo do sono), avaliação auditiva, ortodôntica, neurológica ou psicopedagógica também podem ser necessários, a depender de cada caso.

O tratamento é sempre individualizado e o plano terapêutico pode incluir otorrinolaringologista, odontopediatra, ortodontista, fonoaudiólogo, alergologista, pneumologista e neurologista. O cuidado conjunto pode ser necessário, em muitos casos, especialmente quando ocorre em uma fase crítica do desenvolvimento infantil. A especialista orienta os pais a estarem sempre atentos aos sinais e, quando necessário, buscar atendimento especializado para evitar prejuízos na saúde e na qualidade de vida das crianças.

DIREITOS RESERVADOS ®
Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Companhia de Imprensa e da Yakult.

Matérias da Edição

• Mais sobre Espaço Aberto