Aumento da pressão arterial na gestação

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Conscientização sobre a pré-eclâmpsia é importante

Escrito por: Fernanda Ortiz

A pré-eclâmpsia, uma complicação relativamente frequente da gravidez, é uma das principais causas de morbidade materna e da mortalidade perinatal. Estimativas da literatura médica apontam que a condição afeta de 5% a 8% das mulheres brasileiras. Caracterizada pelo aumento da pressão arterial durante a gestação, ocorre após a 20ª semana, ou seja, entre o segundo e terceiro trimestres. Para detectar precocemente e prevenir os riscos associados, inclusive no pós-parto, o acompanhamento pré-natal, o parto e o puerpério seguros são fundamentais para proteger a saúde e o bem-estar das mães e de seus bebês.

A causa exata da pré-eclâmpsia ainda não foi bem estabelecida. Entretanto, sabe-se que está associada à hipertensão arterial, em decorrência de problemas no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta. Outros fatores de risco incluem doenças autoimunes, diabetes mellitus prévio, hipertensão arterial crônica, gravidez por reprodução assistida, obesidade, doença renal, primeira gestação, história familiar de pré-eclâmpsia e idade materna acima de 40 anos. A pré-eclâmpsia pode variar de moderada a grave, afetando vários órgãos do corpo, incluindo o fígado, os rins e o cérebro.

A condição geralmente se manifesta após a 20ª semana de gravidez. Embora seja pouco comum, há situações em que a pré-eclâmpsia aparece pela primeira vez até seis semanas após o parto, mesmo que a paciente não tenha apresentado sinais durante a gestação. Além do aumento da pressão arterial, os sintomas de pré-eclâmpsia podem incluir quantidade excessiva de proteína na urina (proteinúria); inchaço repentino e acentuado nas mãos, rosto, pernas ou pés; dor de cabeça persistente; problemas de visão, a exemplo de visão turva, pontos cegos, sensibilidade à luz ou outros problemas visuais; dor abdominal; náusea e vômitos (em casos graves).

Ações preventivas

Sem o tratamento adequado, a pré-eclâmpsia pode afetar outros órgãos, aumentar o risco de comprometer o desenvolvimento do bebê e evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença caracterizada por convulsões que colocam em risco a vida da mãe e do feto. De acordo com o médico ginecologista e obstetra Henri Augusto Korkes, professor assistente de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina da PUC-SP e membro da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez, quatro grandes ações podem prevenir a condição e reduzir, portanto, o risco da mortalidade por pré-eclâmpsia: prevenção adequada, pré-natal atento, parto oportuno e puerpério seguro.

Na prevenção adequada, as estratégias incluem o uso do ácido acetilsalicílico (AAS) em baixas doses (100 mg), a utilização de cálcio para gestantes de baixa ingesta (1g ao dia), bem como a prática de atividades físicas regulares. “A prescrição dos medicamentos, de acordo com avaliação do médico, é indicada para pacientes que possuem fatores de risco para a pré-eclâmpsia, como os descritos anteriormente”, comenta.

O acompanhamento pré-natal é fundamental para uma gestação segura. O médico observa que, quando realizado de forma criteriosa e com intervenções oportunas e baseadas nas melhores evidências, o pré-natal atua na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais. Dessa forma, reduz os riscos à gestante e permite um desenvolvimento saudável do bebê. “Um seguimento atento será responsável pela suspeita clínica de pré-eclâmpsia e dará oportunidade para um diagnóstico precoce e seguimento de cuidado adequado do binômio mãe-feto”, avalia o obstetra.

Como a pré-eclâmpsia aparece em idades gestacionais precoces, é necessário manter a estabilidade do quadro clínico materno com o máximo de cuidado e levar a gestação até, no máximo, 37 semanas para um parto oportuno e seguro. “Nesse período, a gestante deve ser acompanhada para controle da pressão arterial, realização de exames periódicos para avaliação de evolução ou regressão da pré-eclâmpsia e monitoramento do feto com exames de ultrassonografia e cardiotocografia”, descreve o especialista. Em relação à via de parto, exceto em casos de evidente necessidade de nascimento acelerado, a paciente se beneficiará do parto vaginal.

As mulheres com pré-eclâmpsia necessitam de um puerpério seguro, permanecendo em monitoramento hospitalar por pelo menos 72 horas após o parto. “Este é um momento de orientação para repercussões futuras, cuidados com a saúde, efeitos da doença em longo prazo e riscos associados, principalmente de doenças cardiovasculares”, orienta. De acordo com o médico, somente por meio de uma abordagem abrangente que promova educação, acesso à saúde de qualidade e monitoramento contínuo é possível reduzir efetivamente a mortalidade materna e as sequelas relacionadas à pré-eclâmpsia.

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