A disfagia é uma condição médica que se caracteriza por uma alteração na deglutição, ou seja, pela dificuldade ou incapacidade de engolir alimentos, líquidos ou saliva. Podendo variar em gravidade de leve até incapacitante, a condição faz com que o indivíduo sinta que têm um nó ou algo preso na garganta. Embora seja diferente dos engasgos eventuais, as duas condições podem ser igualmente letais. Isso ocorre porque o bloqueio da passagem de ar para os pulmões compromete o funcionamento de vários órgãos, aumentando o risco de diversas complicações, a exemplo de uma parada cardiorrespiratória.
Diferentemente do engasgo que ocorre eventualmente e é provocado por algum corpo estranho, a disfagia pode ser sintoma de uma doença ou ocorrer devido ao próprio envelhecimento. Achados globais apontam que a incidência desta alteração na deglutição está entre 2% e 16%. Os sintomas podem variar na forma e intensidade que se manifestam, mas geralmente apresentam dificuldade para engolir, engasgamento, regurgitação nasal, fala anasalada, tosse ou redução do reflexo da tosse e mau hálito. “Entre as principais complicações estão o risco aumentando de desnutrição, desidratação, emagrecimento e até mesmo pneumonia aspirativa, causada pelo alimento no pulmão”, pontua o fonoaudiólogo José Ribamar do Nascimento Junior, responsável técnico-científico do Serviço de Fonoaudiologia do Hcor.
Ao receber o diagnóstico, geralmente o paciente recebe o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com o suporte do otorrinolaringologista, gastroenterologista, fonoaudiólogo e nutricionista. O especialista comenta que o fonoaudiólogo é o profissional com expertise para tratar as disfagias. Dessa forma, vai adaptar as dietas, realizar exercícios para fortalecer e estimular os processos de deglutição e, assim, evitar os episódios de engasgos constantes que trazem grande desconforto e pior qualidade de vida.
Como agir em caso de engasgo
Por ser um sintoma comum da disfagia, os engasgos podem ocorrer com certa frequência e, sem o cuidado adequado, causar danos irreversíveis ou fatais. Por isso, é importante que pessoas próximas a esses pacientes saibam o que fazer em uma emergência. “O procedimento chamado de Manobra de Desengasgo, anteriormente conhecido como manobra de Heimlich, é uma técnica que consiste em expulsar a comida ou o objeto que está obstruindo a traqueia e bloqueando a passagem de ar para os pulmões”, esclarece o enfermeiro André Nicola, coordenador de Enfermagem da Educação Assistencial do Hcor.
Para fazer a manobra em adultos é preciso se posicionar por trás da pessoa e envolver os braços ao redor do abdômen. Uma das mãos deve permanecer fechada sobre a chamada ‘boca do estômago’. A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra essa região para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Em crianças, o procedimento é o mesmo, mas é preciso realizá-lo ajoelhado, para ficar próximo da altura da vítima.
“Os bebês, por sua vez, precisam ser colocados de barriga para baixo, sobre a perna do socorrista, com a boca meio aberta. Na sequência, devem ser feitas cinco compressões firmes nas costas”, explica o enfermeiro. Entretanto, caso a vítima esteja falando ou chorando, a Manobra de Desengasgo não deve ser realizada, pois as vias aéreas não estão totalmente bloqueadas. Nestes casos, deve-se acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para garantir o socorro adequado e a preservação da vida.