Vários estudos já demonstraram uma associação entre o colesterol elevado de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) e diversos problemas de saúde, como degeneração macular relacionada à idade, sepse e fraturas. No entanto, ainda há muitas incertezas sobre a relação entre o colesterol e a demência. Por isso, pesquisadores australianos focaram exatamente neste ponto, analisando idosos inicialmente saudáveis – uma vez que a enfermidade de início precoce pode ter uma fisiopatologia diferente da demência de início tardio.
Para o estudo ‘Association of plasma high-density lipoprotein cholesterol level with risk of incident dementia: a cohort study of healthy older adults’, os cientistas selecionaram mais de 18 mil idosos residentes na Austrália e nos Estados Unidos. Recrutados entre março de 2010 e dezembro de 2014, os participantes eram cognitivamente saudáveis e não tinham diagnóstico de doença cardiovascular, demência, deficiência física ou doença potencialmente fatal no momento da inscrição.
Os voluntários foram randomizados para receber 100mg de aspirina por dia ou placebo. Durante o estudo, foram registradas medidas antropométricas e laboratoriais. Além disso, os cientistas avaliaram dados sobre comorbidades médicas, estilo de vida e fatores sociodemográficos, medicamentos prescritos e outras variáveis de saúde relacionadas e foram coletadas simultaneamente.
Resultados
De acordo com os pesquisadores, a principal conclusão deste estudo é que níveis muito elevados de HDL-C plasmático estão associados a um risco aumentado de demência incidente em idosos inicialmente saudáveis – tanto homens como mulheres. “Essa associação foi estatisticamente significativa em pessoas com 75 anos ou mais”, relatam. Do mesmo modo, o aumento do risco de demência associado a níveis elevados de HDL-C pareceu ser independente dos fatores de risco tradicionais da doença, incluindo nível de atividade física, ingestão de álcool, educação, diabetes ou tabagismo.
“Dado que a demência é a terceira maior causa de incapacidade em todo o mundo, esses achados são oportunos e podem sugerir que a identificação de indivíduos com HDL-C muito elevado poderia atuar como uma nova estratégia para a identificação precoce de indivíduos de alto risco para a doença”, afirmam. No entanto, os autores reforçam que mais pesquisas são necessárias para determinar a explicação fisiopatológica para esses achados. O artigo foi publicado em 2023 no periódico The Lancet Regional Healthy.