Software para identificação de sofrimento fetal

• Tecnologia

Nova tecnologia identifica sofrimento fetal

Escrito por: Fernanda Ortiz

Com o objetivo de reduzir desfechos negativos durante o nascimento, o software Omniview-SisPorto é capaz de analisar automaticamente exames de cardiotocografia e, assim, verificar casos de sofrimento fetal em tempo real. Desenvolvida pela startup portuguesa Speculum em conjunto com pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, essa central de monitorização emite alertas visuais e sonoros em tempo real para situações de risco de hipóxia fetal, para melhor segurança na gestão do trabalho de parto.

De acordo com o médico ginecologista Rômulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein, o software fica conectado a múltiplos quartos para verificar possíveis alterações no cardiotoco, que determina a conversão do parto normal para cesárea. “A cardiotocografia é realizada com aplicação de sondas na barriga da mãe para registar as contrações e a frequência cardíaca do feto por meio de ultrassons que permitem ao médico avaliar o bem-estar materno-fetal”, explica.

Antes da implantação do sistema, esses exames eram feitos com intervalos de duas ou três horas durante o período expulsivo. Entretanto, nos casos indicados pela equipe médica, eram realizados a cada 30 minutos no período do nascimento. O médico comenta que os testes precisavam ser impressos e submetidos a uma avaliação médica, o que   implicar na demora diagnóstica e no erro decorrente do fator humano. “Com o software, a leitura é feita ininterruptamente e alerta a equipe obstétrica para alterações relevantes em tempo real”, descreve.

O Omniview-SisPorto permite ver, em uma única tela, todas as   em curso, emitindo três tipos de alertas. A cor azul acende quando alguma atenção é necessária, apesar de não indicar a falta de oxigenação fetal. O amarelo indica que pode existir risco, embora baixo, de hipóxia fetal. Já o vermelho significa que existe uma provável hipóxia fetal, que demanda ação clínica para melhorar a situação ou, eventualmente, a realização imediata do parto para evitar sequelas permanentes nos bebês.

De acordo com o ginecologista Rômulo Negrini, a incorporação da tecnologia promove a redução do uso do fator humano na interpretação do exame, permitindo salvar vidas e melhorar o quadro de saúde dos recém-nascidos. “Desde a implantação da solução, implantada no Hospital Israelita Albert Einstein há poucos meses, já foram analisadas mais de 5 mil cardiotocografias e identificados 11 casos de hipóxia”, sinaliza.

Incidência 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a hipóxia perinatal é a terceira causa de morte neonatal, representando 23% dos óbitos de recém-nascidos no mundo. A falta de oxigenação cerebral, que pode ocorrer durante o período periparto, no nascimento e nos primeiros minutos de vida, pode causar sequelas permanentes no recém-nascido, principalmente no sistema nervoso central, a exemplo de paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira e surdez.

DIREITOS RESERVADOS ®
Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Companhia de Imprensa e da Yakult.

Matérias da Edição

• Mais sobre Tecnologia