Vida sexual na terceira idade

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Vida sexualmente ativa é saudável na terceira idade

Escrito por: Fernanda Ortiz

A vida sexual na terceira idade ainda é pouco abordada e, muitas vezes, vista como um grande tabu. Contudo, a sexualidade não se encerra com o envelhecimento, apenas se transforma devido às alterações nas funções fisiológicas. Amar e ter uma vida sexual ativa nesta fase da vida traz inúmeros benefícios e, por isso, deve ser explorada. Mais do que o prazer, a vida sexual na terceira idade contribui para o autocuidado, a autonomia, o bem-estar, a criatividade e a autoestima.

De acordo com a médica ginecologista Anne Pereira, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, ter uma vida sexual ativa também é importante para a qualidade de vida dos idosos e deve ser encarada com normalidade. “Mesmo com algumas dificuldades que possam ocorrer por causa das alterações nas funções fisiológicas, o sexo na maturidade é possível e saudável para a saúde física e emocional, ampliando a afetividade, a cumplicidade e a qualidade no relacionamento”, avalia.

Evidentemente, mulheres e homens enfrentam desafios específicos em relação à sexualidade enquanto envelhecem. Para as mulheres, por exemplo, a menopausa traz alterações hormonais que podem afetar a libido, a lubrificação vaginal e a elasticidade dos tecidos genitais, fazendo com que estímulos que antes despertavam o desejo sexual não se manifestem da mesma forma. “Entretanto, com o acompanhamento médico adequado essas questões podem ser abordadas e tratadas, permitindo uma vida sexual saudável e prazerosa”, observa a médica.

Entretanto, quando as disfunções decorrentes da menopausa não são diagnosticadas nem recebem tratamento adequado podem se tornar crônicas e, assim, comprometer a saúde e a vida sexual das mulheres. Por isso, a médica afirma que é fundamental que os profissionais de saúde esclareçam sobre os sintomas da menopausa, identifiquem disfunções, indiquem terapêuticas e cuidados para reduzir os incômodos e derrubar os mitos sobre a prática sexual nesse período. “Também é necessário reforçar a importância do uso de preservativos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e, principalmente, falar sobre autoestima através do autocuidado”, enfatiza.

Saúde masculina

Nos homens, as dificuldades também costumam se manifestar com o avanço da idade. Um dos problemas é a disfunção erétil, descrita pela incapacidade de o homem conseguir obter e manter uma ereção por tempo suficiente que possibilite uma atividade sexual satisfatória. Apesar de acometer cerca de 50% dos homens acima dos 40 anos, de acordo com dados da literatura especializada, o médico urologista Carlos Batagello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirma que com o diagnóstico precoce e tratamento adequado é possível contornar esse desafio e desfrutar de uma vida sexual plena.

Outra condição, que afeta especialmente homens acima de 60 anos, é a chamada Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM). Os sintomas incluem prejuízo sexual, como baixa da libido e dificuldade de ereção; alterações no humor e no sono; e perda da energia para realizar atividades cotidianas. “Para evitar diagnósticos equivocados, a exemplo da depressão, é fundamental que o especialista faça uma avaliação cuidadosa. Identificada a DAEM, será prescrito o tratamento específico para normalizar os níveis de testosterona”, explica o urologista. Além da intervenção urológica, a psicoterapia ou terapia sexual são indicadas para auxiliar os homens a recuperarem a confiança em seu desempenho sexual.

Estilo de vida

Alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, sono de qualidade, controle de doenças pré-existentes e o gerenciamento do estresse são fundamentais para o bem-estar físico e emocional. Quando o corpo e a mente estão em estado pleno de harmonia, ter uma vida sexual ativa é ainda mais prazeroso e benéfico à saúde. O médico urologista ressalta que uma vida sexual na terceira idade vai além da penetração e que a expressão da sexualidade pode se manter ativa até o fim da vida, independentemente das adaptações que o envelhecimento possa trazer. “Dessa forma, o diálogo aberto, a informação e o cuidado adequado são essenciais para garantir o bem-estar sexual na maturidade”, finaliza.

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