Probiótico na síndrome do ovário policístico

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Probióticos na síndrome dos ovários policísticos

Escrito por: Adenilde Bringel

Distúrbio hormonal muito comum, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) pode causar desde problemas simples, como irregularidade menstrual e acne, até obesidade e infertilidade. Embora a patogênese da SOP permaneça complexa e não tenha sido totalmente elucidada, foi descrita uma ligação entre obesidade, SOP e disbiose. Assim, alguns estudos científicos têm investigado o papel da microbiota intestinal no desenvolvimento e na progressão da SOP e nos sintomas associados. E uma das hipóteses tem apoiado a eficácia dos probióticos e simbióticos na enfermidade.

A síndrome dos ovários policísticos afeta uma porcentagem considerável de mulheres em idade reprodutiva, e é uma condição relacionada à obesidade – e com sintomas agravados por essa condição. Para avaliar os achados científicos, pesquisadores da Universidade de Pavia, na Itália, desenvolveram uma revisão narrativa com uma análise não sistemática da literatura disponível. Para isso, os autores avaliaram o tema probióticos e SOP em adolescentes com obesidade a fim de revisar os efeitos benéficos da suplementação de probióticos e simbióticos nos perfis hormonais e metabólicos e nas condições inflamatórias.

“A literatura sugere que a suplementação de probióticos/simbióticos pode melhorar perfis hormonais, indicadores inflamatórios e distúrbios do metabolismo lipídico causados pela SOP”, afirmam no artigo. Além disso, estudos mostram melhorias no peso, Índice de Massa Corporal (IMC), insulina e HOMA-IR (método utilizado para quantificar a resistência à insulina e a função das células beta do pâncreas), incluindo um papel potencial na proteção da fertilidade.

Na revisão, os autores utilizaram as bases de dados eletrônicas PubMed, Scopus e Web of Science. As palavras-chave usadas isoladamente ou em combinação foram síndrome dos ovários policísticos, adolescente, disbiose, microbioma, intestino, pediatria, probióticos, obesidade, dieta, nutrição, intervenção no estilo de vida da obesidade e irregularidades menstruais. Assim, foi reunido um total de 164 artigos, e os autores avaliaram os textos completos para identificar estudos potencialmente relevantes disponíveis na literatura.

Achados

Alguns estudos indicaram, por exemplo, que o microbioma intestinal de mulheres com diagnóstico de SOP é caracterizado por menor diversidade em comparação com mulheres sem SOP. “Esta diminuição na diversidade microbiana α e β tem sido associada ao hiperandrogenismo e à elevação dos níveis de inflamação sistêmica”, acentuam os autores. A diminuição da diversidade microbiana observada na SOP é frequentemente marcada por uma redução de bactérias benéficas, como Lactobacilos e Bifidobactérias.

Por outro lado, muitas vezes há um aumento de bactérias patogênicas como Escherichia e Shigella. Há também uma alteração observada no equilíbrio de certas espécies bacterianas, especificamente Bacteroidetes e Firmicutes, levando à produção alterada de ácidos graxos de cadeia curta e a um impacto negativo no metabolismo, na integridade da barreira intestinal e na imunidade.

De acordo com os autores, esforços significativos têm sido feitos para desenvolver estratégias inovadoras para o manejo da SOP, e os probióticos emergiram como uma ferramenta promissora para o seu tratamento. “Microrganismos probióticos estão naturalmente presentes em alimentos fermentados e possuem várias propriedades benéficas”, argumentam. Por exemplo, apresentam propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias, além da capacidade de melhorar os parâmetros metabólicos, modular a composição da microbiota intestinal e regular o sistema imunológico.

Conclusões

Embora sejam necessários mais estudos para confirmar os dados encontrados na literatura, os autores da revisão sugerem que há um papel potencial da microbiota intestinal. Assim, a suplementação com probióticos poderia ser considerada uma solução para o manejo da SOP em adolescentes com obesidade. A SOP pode originar-se nos estágios iniciais de desenvolvimento, apresentando características clínicas mais tarde na adolescência.

“Portanto, o monitoramento do microbioma e a suplementação precoce de probióticos durante a infância e adolescência podem ser úteis para modular a disbiose, a fim de preveni-la como uma causa modificável da SOP”, sugerem. O artigo ‘Probiotics and polycystic ovary syndrome: a perspective for management in adolescents with obesity’ foi publicado em 2023 na revista Nutrients – doi.org/10.3390/nu15143144.

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