Já está demonstrado cientificamente que os probióticos podem influenciar o sistema imunológico e as células epiteliais intestinais direta e indiretamente por meio da modulação do ambiente intestinal. Os probióticos, particularmente aqueles nativos da microbiota intestinal, têm uma influência profunda no ambiente intestinal. Entre os muitos benefícios desses microrganismos estão os efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos e antialérgicos. Atualmente, dentre as muitas formas de ingerir probióticos, uma das mais comuns são os leites fermentados.
Dentre as cepas probióticas estudadas está o Bifidobacterium longum BB536 (B. longum BB53), que tem sido utilizada com segurança em todo o mundo há mais de 50 anos. Já foi relatado, por exemplo, que B. longum BB536 ajuda na regulação do ambiente intestinal e nos movimentos intestinais. Além disso, pode contribuir potencialmente para a regulação do sistema imunológico e reduzir os níveis de gordura visceral e neutra quando ingerido com Bifidobacterium breve MCC1274.
Diante desses benefícios, pesquisadores japoneses desenvolveram um estudo randomizado de comparação de grupos paralelos, duplo-cego e controlado por placebo. O objetivo foi investigar os efeitos de B. longum BB536 na microbiota fecal e nas composições de metabólitos em indivíduos saudáveis. Os cientistas compararam os efeitos do leite fermentado produzido exclusivamente com Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus (grupo placebo) com o leite fermentado suplementado com B. longum BB536 (grupo BY).
De acordo com os cientistas, anteriormente já foi relatado o número de bactérias B. longum BB536 viáveis nas fezes usando este protocolo experimental. “No presente estudo, avaliamos as diferenças na microbiota fecal e metabólitos, que são indicadores gerais para o monitoramento do ambiente do intestino grosso”, relatam os autores. O foco foi elucidar o mecanismo pelo qual B. longum BB536 confere vários efeitos benéficos ao hospedeiro, a modulação do ambiente intestinal .
O experimento
Este estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo envolveu 34 adultos saudáveis com idades entre 18 e 64 anos, aleatoriamente designados para consumir leite fermentado comercial contendo B. longum BB536 (grupo BY) ou um placebo idêntico (grupo placebo). O produto foi ingerido diariamente por um período de intervenção de 17 dias após um período de pré-observação de uma semana. As amostras fecais foram coletadas em dias específicos e, dentre outras, foram executadas análises do gene 16S rRNA e de PCR quantitativa específica para Faecalibacterium.
Resultados
“Nossos achados revelaram uma abundância relativa significativamente maior de Faecalibacterium no grupo BY em relação ao grupo placebo a partir do terceiro dia, tendência que persistiu até o final do estudo no 17º dia”, resumem os autores. Além disso, o grupo BY apresentou concentrações significativamente aumentadas de triptofano (Trp), ácido indol-3-láctico e indol-3-aldeído no 17º dia. Uma correlação positiva significativa também foi observada entre a abundância relativa de Faecalibacterium e o número de bactérias B. longum BB536 viáveis nas fezes.
Além disso, as concentrações de Trp e ácido indol-3-acético foram significativamente correlacionadas com o número de bactérias B. longum BB536 viáveis nas fezes. “Nossos resultados sugerem que a ingestão de B. longum BB536 pode auxiliar na modulação da microbiota intestinal e dos perfis de metabólitos, que são indicadores gerais para monitorar o ambiente intestinal, potencialmente conferindo benefícios à saúde”, concluem os autores. O artigo ‘The impact of fermented milk products containing Bifidobacterium longum BB536 on the gut environment: a randomized double-blind placebo-controlled trial’ foi publicado em 2024 na revista Nutrients – doi.org/10.3390/nu16213580.
