Para muitas pessoas, o ato de pedir desculpas é difícil e, muitas vezes, doloroso, porque é a admissão de uma falta cometida. Em contrapartida, aceitar as desculpas de alguém também pode ser bem complexo, pois o fato de se desculpar não anula o ato do indivíduo. Assim, surgem diferentes questionamentos de quantos caminhos deve-se percorrer na vida até finalmente chegar ao perdão. No entanto, diferentes estudos científicos demonstram que o perdão é um processo de cura para ambas as partes.
No artigo ‘Forgive and forget: differences between decisional and emotional forgiveness’, os autores fornecem o primeiro suporte empírico de que o perdão emocional tem uma forte influência no esquecimento incidental subsequente. “Especificamente, nossos resultados demonstram que o perdão emocional leva a níveis substancialmente mais elevados de esquecimento em relação aos traços relevantes da ofensa, em comparação com o perdão decisório e a ausência de perdão”, detalham. De acordo com os autores, isto fornece evidências de que apenas os indivíduos que perdoaram emocionalmente uma transgressão, e não aqueles que apenas decidiram perdoar, esquecem subsequentemente os traços relevantes da ofensa atribuídos ao transgressor.
Já os autores do estudo ‘The influence of decisional and emotional forgiveness on attributions‘ destacam que os indivíduos que perdoaram emocionalmente uma transgressão consideram o transgressor menos responsável pela ofensa em comparação com aqueles na condição de perdão e controle decisórios. “Além disso, nossas descobertas replicam conceitualmente pesquisas anteriores, demonstrando que o perdão emocional – mas não o decisório – afeta a cognição e, portanto, ambos devem ser tratados como facetas distintas no processo de perdão.
Reencontro com o eu
Para a psicoterapeuta Lucy Mari Tabuti, autora do livro ‘Os 5 fundamentos de reencontro com seu eu’, é preciso tempo, muitos desafios e amadurecimento para a compreensão do perdão como algo que cada indivíduo se dá de presente. Dessa forma, cabe a cada ser humano, no caminho da evolução, enxergar este fato e agradecer o que foi recebido, ainda que pareça pouco. “A cada geração percebe-se mudanças de comportamento e quebra de padrões. E quando é a vez da pessoa de reclamar sobre algo negativo, nasce a oportunidade de ser a que romperá uma repetição, um hábito”, resume.
De acordo com a autora, o perdão é um processo de cura que começa na compreensão de como a própria vida funciona. Dessa forma, atuando sobre o comportamento humano de modo geral e segue para a libertação de ‘pesos’ desnecessários, abrindo espaço para o novo e o positivo. “Quem perdoa os pais pela falta, por exemplo, permite ser presenteado pela vida, pois o olhar ressignificado permite amor, prosperidade, alegria e paz. O perdão pode parecer algo feito a outro, mas é, em primeiro lugar, uma atitude benéfica à própria pessoa, pois é o primeiro passo para a cura”, enfatiza.
