Logo Yakult 90 anos - Site
Fisiologia cerebral

• Conteúdos Semanais | Vida Saudável

Como o cérebro reage em diferentes situações

Escrito por: Fernanda Ortiz

O cérebro é uma rede complexa que processa muitas informações a cada segundo, através de uma verdadeira orquestra neuroquímica e elétrica. Essa sinfonia molda o modo como esse poderoso órgão se comporta diante de situações, emoções e transformações do cotidiano. Da alegria à tristeza, do descanso ao exercício físico e do trabalho ao estudo, a reação da fisiologia cerebral nos bastidores da mente se difere a cada novo ambiente ou circunstância.

A fisiologia cerebral envolve as funções do sistema nervoso, incluindo como bilhões de neurônios se comunicam através de sinapses e neurotransmissores para processar informações, controlar movimentos e regular funções vitais.  De acordo com o médico neurocirurgião Fernando Gomes, a cada emoção, o cérebro se comporta de forma distinta. Na alegria, por exemplo, há uma liberação de neurotransmissores ligados ao prazer e ao bem-estar, como a dopamina, serotonina e endorfina.

“Essa combinação cria a sensação de recompensa, reforça comportamentos positivos e até fortalece o sistema imunológico”, explica o especialista, que atua como professor livre docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Em contrapartida, na tristeza há uma redução dos níveis de serotonina, dopamina e da atividade do córtex pré-frontal, o que afeta a motivação e o processamento de decisões.

Em situações de estresse e medo, o cérebro entra em modo de alerta. “A amígdala cerebral é ativada e sinaliza o hipotálamo, que libera cortisol e adrenalina. Isso acelera o coração e aumenta a atenção”, destaca o especialista. Quando em excesso, a adrenalina pode prejudicar a memória, o sono e a imunidade. Em situações extremas de estresse, que podem englobar contextos como a violência em suas diversas manifestações, a resposta ocorre como uma tentativa do organismo de restaurar o equilíbrio.

Situações cotidianas

O neurocirurgião destaca, ainda, que mesmo durante as atividades rotineiras o cérebro apresenta processamentos específicos. Durante o trabalho, por exemplo, o foco e a produtividade ativam o córtex pré-frontal, região associada ao planejamento, controle inibitório e resolução de problemas. “Se houver prazer na tarefa, há também aumento da dopamina. Mas, quando há sobrecarga, o cérebro entra em fadiga mental”, alerta. Nos estudos, o órgão entra em modo de neuroplasticidade, ou seja, novas conexões sinápticas se formam, especialmente no hipocampo – responsável pela consolidação da memória.

As transformações também ocorrem durante as refeições. Por ser um dos órgãos que mais precisa de energia para funcionar adequadamente, a ingestão de glicose – seja através de carboidratos ou sintetizada a partir de proteínas e gorduras – é fundamental. Dessa forma, a comida tem o poder de aumentar ou reduzir os níveis de neurotransmissores – a depender das escolhas do cardápio. Consequentemente, pode regular a fome e saciedade, provocar alterações em tecidos cerebrais e estimular ansiedade e depressão.

Movimento x descanso

A atividade física melhora o fluxo sanguíneo cerebral, estimula a liberação de endorfinas e até promove a neurogênese – formação de novos neurônios. Dessa forma, quem se exercita com regularidade pensa melhor, dorme melhor e tem menor risco de depressão. De acordo com o neurocirurgião, o cérebro é moldável, responsivo e incrivelmente ativo mesmo em repouso. “Durante o sono profundo, por exemplo, o cérebro realiza uma ‘faxina’ com o sistema linfático, que promove a remoção de toxinas, proteínas solúveis e metabólitos do sistema nervoso central”, ensina. Além disso, consolida memórias, regula o humor e prepara o corpo para um novo ciclo de atividades.

DIREITOS RESERVADOS ®
Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Companhia de Imprensa e da Yakult.

Matérias da Edição

• Mais sobre Conteúdos Semanais