Fase de grandes transformaçõesA adolescência é uma etapa da vida marcada por mudanças biológicas, físicas, comportamentais e sociais em que as emoções são mais impetuosas, impulsivas e difíceis de controlar. Além de modificar o corpo da criança, as alterações hormonais típicas da puberdade despertam o amadurecimento sexual. Dessa forma, influenciam a forma como expressam sentimentos, autoimagem e confiança, assim como o papel que assumem na família e na sociedade. Nesta fase de grandes transformações e transição marcada por conflitos, reconhecer e compreender a intensidade das emoções é fundamental para o melhor relacionamento entre pais e filhos.
Para a professora de Psicologia Lydiane Fabretti, do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, o início da puberdade é um divisor importante na vida. Assim, mais do que o aumento do ritmo de crescimento corporal e o amadurecimento dos órgãos sexuais, surgem novas demandas específicas. “Isso envolve relacionamentos afetivos, emoções exacerbadas e intensas, conexão com os pais, dedicação aos estudos, escolhas vocacionais ou de lazer, conquista de autonomia, capacidade para o trabalho, entre outras questões”, resume.
Ao longo da adolescência, muitas crenças e papéis são revistos. Entretanto, a personalidade continua a se desenvolver e a autonomia relativa em relação à figura dos pais passa a ser diferente. Por causa disso, a mudança afeta a todos. “Enquanto o adolescente vive seu amadurecimento, os pais têm de aprender a lidar com essa nova fase de grandes transformações que exige outros cuidados e preocupações”, acentua a psicóloga. Afinal, a criança dependente e frágil passa a dar lugar a um indivíduo com opiniões próprias, com mais autonomia e, portanto, mais independência. Nesse contexto, o processo de aprendizado e compreensão precisa ser mútuo para evitar ou minimizar os conflitos geracionais tão presentes nesta etapa.
Diálogo é fundamental
De acordo com a professora, é preciso construir uma relação empática e de compreensão familiar, visando fortalecer o relacionamento e superar desafios em conjunto. “Uma maneira eficiente é resgatar as experiências da própria adolescência, desde alegrias e conquistas até perdas e frustrações”, argumenta. Sendo assim, os pais abrem espaço para que seus filhos vivam essa nova fase da vida de maneira singular, evitando projeções a partir de fantasias e temores. Com isso, o exercício da paternidade é atualizado, abrindo espaço para que todos lidem com as novas experiências e vivam seu processo de autorrealização.
Os pais também precisam estar disponíveis para escutar, aconselhar, apoiar e acolher nesta fase de grandes transformações. “Ainda que surjam questões com as quais não concordem, o que certamente vai ocorrer, é preciso ouvir, demonstrar interesse, manter a calma, apresentar possíveis soluções, estabelecer limites saudáveis, evitar fazer julgamentos ou transformar as conversas em discussões”, orienta. Por mais difícil que pareça, manter uma postura adequada, coerente e respeitosa em situações de discordância ou de crises emocionais é importante para demonstrar apoio e, principalmente, contribuir para a formação de caráter do adolescente.
