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Redução do volume pulmonar

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Inovação a serviço da saúde pulmonar

Escrito por: Fernanda Ortiz

A cirurgia de redução do volume pulmonar é um dos recursos terapêuticos inovadores para o tratamento de casos graves de enfisema pulmonar, sem cura e que, em geral, compromete muito a saúde do paciente. Com técnicas minimamente invasivas, esse procedimento cirúrgico remove a área de tecido enfisematoso do pulmão, possibilitando que a parte restante do órgão funcione de forma mais eficiente. Dessa forma, melhora a capacidade respiratória e, consequentemente, a qualidade de vida. A recomendação para a cirurgia depende de avaliação do quadro clínico e evolução da doença.

O enfisema pulmonar é uma forma de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) em que os alvéolos – pequenos sacos aéreos onde ocorrem as trocas gasosas durante a respiração – são gradualmente destruídos. O resultado é a redução da quantidade de oxigênio transportada para o sangue. “Os pacientes sentem enorme desconforto, pois, ao respirar, a parte danificada do pulmão se infla mais do que o normal (hiperinflação), comprimindo a parcela saudável do órgão”, explica o cirurgião torácico Luiz Carlos Tosso. Responsável pelo Núcleo de Tratamento Intervencionista do Enfisema Pulmonar do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, o médico lembra que os principais fatores de risco para a doença são o tabagismo e a exposição constante a gases tóxicos.

Nos últimos anos, os avanços nos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos – como cessação de tabagismo, reabilitação, oxigenoterapia, imunização, educação e monitorização – contribuíram significativamente nos cuidados e controle clínico da doença. Entretanto, para casos graves e muito graves esse arsenal terapêutico não alcança bons resultados. Portanto, não melhoram a qualidade de vida e tampouco reduzem o risco de mortalidade. Entretanto, a cirurgia para a redução do volume pulmonar ajuda a aliviar a dificuldade respiratória, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida.

O procedimento é uma opção segura, graças aos avanços da Engenharia Biomédica nos últimos 30 anos. Isso ocorre graças ao desenvolvimento de microdispositivos para uso endobrônquico, bem como pelo aprimoramento das plataformas robóticas com recursos minimamente invasivos de precisão. “A intervenção possibilita que pacientes com quadros de enfisema grave e muito grave recebam o melhor tratamento disponível”, observa o cirurgião.

Os candidatos ao procedimento devem atender a critérios rigorosos, realizados, a partir de avaliação clínica e fisiológica. Dentre eles estão pletismografia respiratória com prova de função pulmonar, teste de caminhada de seis minutos, medida da difusão do monóxido de carbono, gasometria arterial, tomografia computadorizada de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, teste cardiorrespiratório de exercício e cintilografia de perfusão pulmonar.

O procedimento

A redução do volume pulmonar é uma operação torácica minimamente invasiva, realizada sob anestesia geral e com pequenas incisões no tórax. Neste procedimento, que pode ser uni ou bilateral, são removidos de 20% a 30% do tecido enfisematoso pulmonar. “Ao ressecar o tecido mais comprometido, a cirurgia possibilita a expansão adequada dos pulmões dentro da caixa torácica”, descreve o especialista.

Ademais, a intervenção é capaz de melhorar o recuo elástico do pulmão e incentivar o funcionamento dos músculos respiratórios. Para isso, são inseridos drenos torácicos que impedem o acúmulo de líquidos ou de ar no interior do tórax, que são removidos alguns dias após o procedimento. O tempo de internação depende exclusivamente da evolução pós-operatória. Geralmente, a média é de 10 dias, podendo aumentar caso haja intercorrências.

O cirurgião torácico comenta que a maioria dos pacientes operados – cerca de 80% – se beneficia deste procedimento. Destes, aproximadamente 68% têm chance de abandono do uso de oxigênio e 85% apresentam melhora importante da função pulmonar, dispensando inclusive o uso de corticosteroides”, descreve. “Entretanto, os outros 20% não apresentam boa resposta, muito provavelmente pela extensão dos danos no pulmão”, ressalta. Como em todo o procedimento cirúrgico, há risco de complicações. Assim, podem ocorrer pneumonia, formação de coágulo sanguíneo, necessidade de uso de respirador por mais de dois dias e vazamento de ar duradouro. Já o risco de mortalidade varia entre 1% e 4%.

Enfisemas muito avançados

Para pacientes com quadros mais graves, a redução broncoscópica do volume pulmonar com válvulas é outra possibilidade terapêutica. “Esse procedimento minimamente invasivo consiste na implantação de pequenas válvulas nas vias aéreas, que suprem a parte mais comprometida do pulmão doente”, descreve o médico. Durante a intervenção é utilizada uma câmera de fibra óptica – broncoscopia – para guiar e inserir as válvulas, que impedem que o ar entre nas áreas mais doentes do pulmão. A cirurgia é feita sob anestesia geral e o tempo de internação é de pelo menos cinco dias, exceto no caso de intercorrências.

Entre os benefícios, as válvulas endobrônquicas podem melhorar a função pulmonar, a capacidade de exercício e, consequentemente, a qualidade de vida. O especialista comenta, ainda, que a principal complicação da válvula ocorre quando há uma ruptura de alvéolos e vazamento de ar. “Isso pode levar ao colapso do pulmão (pneumotórax), causando extrema dor no peito e aumento significativo de falta de ar”, explica. Nesses casos, pode ser necessária a inserção de um dreno no tórax para o ar ser eliminado. Entretanto, ambos os tratamentos são eficazes em pacientes cuidadosamente selecionados e a escolha do tipo de intervenção é definida pela equipe multidisciplinar de acordo com as características de cada paciente.

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