O papel crucial dos probióticos

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Eficácia de probióticos, paraprobióticos e posbióticos

Escrito por: Adenilde Bringel

O papel crucial dos probióticos na manutenção da homeostase intestinal e em alguns distúrbios do sistema gastrointestinal é bastante reconhecido. Nos últimos anos, o uso de estruturas conhecidas como paraprobióticos e posbióticos tem sido apresentado como alternativas aos probióticos. Alguns estudos já revelaram que posbióticos e paraprobióticos exibem bioatividades como anti-inflamatórios, imunomoduladores, antioxidantes e antimicrobianos, bem como benefícios anticarcinogênicos. Enquanto paraprobióticos são microrganismos não vivos, os posbióticos são subprodutos metabólicos de bactérias. Assim, o foco dos estudos está mudando cada vez mais de microrganismos vivos (probióticos) para não vivos ou biomoléculas derivadas desses probióticos.

Posbióticos são um produto complexo de produtos metabólicos com propriedades estruturais, como enzimas, proteínas, ácidos graxos de cadeia curta, vitaminas, peptídeos e ácidos orgânicos, secretados por probióticos em sobrenatantes livres de células. Por outro lado, paraprobióticos são células microbianas inativadas contendo probióticos, ou seja, estruturas intactas ou lisadas ou, ainda, extratos celulares brutos contendo componentes celulares. Os estudos têm relatado, por exemplo, que tanto probióticos quanto paraprobióticos e posbióticos exercem uma série de atividades em prol da saúde.

Dentre os benefícios estão a manutenção da regularidade intestinal, o aumento da atividade imunomoduladora, a redução da inflamação e a inibição do desenvolvimento de tumores. De acordo com os autores de um estudo desenvolvido na Turquia, a biótica com essas características contribuirá muito mais para o benefício da saúde humana. “Está relatado que o lactato e os ácidos graxos de cadeia curta são produzidos pela fermentação são posbióticos e afetam as propriedades anti-inflamatórias e anticarcinogênicas do intestino. Recentemente, especialmente exopolissacarídeos (EPS), bacteriocinas e biossurfactantes atraíram a atenção como posbióticos”, afirmam.

O estudo 

O experimento buscou revelar certas atividades antitumorais e microbianas de posbióticos e paraprobióticos inativados por calor. Ambos foram obtidos de duas bactérias diferentes com propriedades probióticas determinadas e que contribuem para a saúde humana:  Lactobacillus reuteri ENA31 e L. rhamnosus GAA6. “Nosso objetivo foi obter paraprobióticos e posbióticos inativados pelo calor liberados de probióticos que podem ser usados em vez de probióticos e, assim, contribuir para a elucidação do processo”, destacam os autores. Além disso, buscaram revelar algumas propriedades citotóxicas, antimicrobianas e antioxidantes que podem beneficiar a saúde humana.

No experimento, 15 lactobacilos foram isolados de amostras de fezes de cinco bebês amamentados. O DNA bacteriano foi extraído de cepas gram-positivas e catalase-negativas usando um kit de extração de DNA genômico. “As cepas L. reuteri ENA31 e L. rhamnosus GAA6 foram selecionadas de acordo com suas possíveis características probióticas em estudos”, acentuam os autores.

Dentre os itens avaliados na seleção das cepas estavam resistência ácida, tolerância biliar e produção de exopolissacarídeos (EPS). Além disso, o método de difusão em disco foi usado para determinar as suscetibilidades das cepas a antibióticos. “Nosso estudo incluiu os seis antibióticos mais usados, que são ampicilina, gentamicina, vancomicina, tetraciclina, cloranfenicol e ofloxacina”, ressaltam.

Conclusão

Os resultados mostraram que os bióticos tiveram um efeito citotóxico em células cancerígenas com concentrações crescentes (paraprobióticos<probióticos<posbióticos, respectivamente). Intercaladamente, com essas aplicações bióticas foi observado um declínio nos valores de alguns marcadores, a exemplo de interleucina (IL-1) e neopterina, assim como um aumento nos valores de IL-10/-12/-13 em células cancerígenas.

De acordo com os autores, considerando todos os resultados obtidos com o estudo, é possível afirmar que os bióticos, amplamente utilizados e benéficos para a saúde, também estão disponíveis para uso em indivíduos imunocomprometidos. Dessa forma, paraprobióticos e posbióticos aumentarão o uso consciente de probióticos e proporcionarão a oportunidade de uso em indivíduos imunocomprometidos.

“É uma descoberta importante que será uma alternativa mais segura para bebês prematuros, idosos e pacientes transplantados, especialmente para indivíduos imunocomprometidos”, destacam. Isso se justifica porque, com o uso de posbióticos e paraprobióticos, algumas das desvantagens que os probióticos podem causar a essa população serão eliminadas. O estudo ‘Efficacy of probiotics, paraprobiotics, and postbiotics in colorectal cancer cell line and their role in immune response’ foi publicado em 2024 na Revista da Associação Médica Brasileira .

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