A compulsão alimentar é um transtorno caracterizado pela ingestão excessiva e descontrolada de alimentos durante um curto período, sem que haja fome ou necessidade física. Geralmente, resulta em ganho de peso excessivo, assim como o desenvolvimento de outros distúrbios psiquiátricos, a exemplo de depressão ou bulimia. Entre as principais causas para essa condição estão as dietas restritivas realizadas de forma incorreta, estresse, crises de ansiedade, problemas com a imagem corporal e questões emocionais. A depender do grau, o transtorno é passível de controle com técnicas e hábitos que recuperam a autonomia nas decisões alimentares.
Diferentemente de exageros cometidos esporadicamente durante uma refeição ou ocasião especial, na compulsão alimentar os episódios do comer excessivo são recorrentes. Para a nutricionista clínica Cintya Bassi, coordenadora de Nutrição e Dietética do São Cristóvão Saúde, não se trata de fome ou gula, mas de falta de controle frente à comida. “Os fatores que desencadeiam o transtorno estão, na maioria dos casos, relacionados a questões emocionais, como perdas, culpa, tristeza e baixa autoestima, que fazem com que a pessoa busque na comida uma resposta para suas questões pessoais”, avalia.
A compulsão alimentar é um transtorno que pode ser identificado de acordo com critérios específicos. Os sintomas incluem comer mais rápido que o normal; comer até sentir-se desconfortavelmente cheio; ingerir grandes quantidades quando não estiver com fome física; fazer as refeições sozinho para evitar constrangimento e sentir-se nauseado, deprimido ou culpado depois de comer excessivamente. “O transtorno de compulsão alimentar é identificado quando os episódios acima ocorrem pelo menos uma vez por semana, durante três meses”, relata a especialista. A gravidade é baseada no número de episódios por semana, podendo ser leve (1 a 3) até extrema (acima de 14).
Tratamento multidisciplinar
O diagnóstico do transtorno de compulsão alimentar é realizado pelo médico psiquiatra, baseado no relato do paciente. Além disso, podem ser solicitados exames para avaliar o quadro geral de saúde, uma vez que o comer compulsivo pode implicar no desenvolvimento de obesidade, bulimia, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e problemas gástricos. Porém, prevenir os episódios e enfrentar o transtorno com sucesso é possível através do apoio familiar e de acompanhamento multidisciplinar.
Nutricionistas e psicólogos são fundamentais para auxiliar nesse processo, sugerindo mudanças no estilo de vida. “Essas mudanças incluem reeducação e comportamento alimentar, prática de atividade física, técnicas de relaxamento e terapia cognitiva comportamental, para entender e melhorar a relação com a comida”, comenta a nutricionista. Além disso, caberá ao psiquiatra avaliar a necessidade de tratamento farmacológico – a depender da severidade dos sintomas e da presença de outras doenças mentais associadas, como depressão e ansiedade, que demandam terapêutica simultânea.