Lançado pelo Ministério da Saúde em 2021, o primeiro Guia de Atividade Física para a População Brasileira recomenda a prática de exercícios nas diferentes fases da vida, inclusive para bebês e crianças pequenas. O documento, elaborado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), contou com pesquisadores das áreas de atividade física e saúde, bem como técnicos do Ministério e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O guia traz informações sobre quantidade, intensidade e exemplos de atividades aeróbicas, de força e de equilíbrio específicas para cada faixa etária, além de indicações para um estilo de vida mais ativo e saudável.
O médico ortopedista pediátrico David Nordon, professor de Saúde Pública da PUC-SP (campus Sorocaba) e pesquisador do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), destaca que a prática de atividades físicas e esportes na infância tem grande importância no crescimento e desenvolvimento saudável. “Mais do que benefícios físicos, os exercícios contribuem para a interação social, melhora da autoestima e da qualidade do sono. Além disso, reforçam o sistema imunológico e previnem doenças ligadas à obesidade infantojuvenil”, comenta.
A atividade física na infância estimula, ainda, o desenvolvimento dos cinco gestos olímpicos, que são a base de quase todos os esportes: correr, saltar, pedalar, arremessar e nadar. “A maioria das brincadeiras e esportes reúne esse conjunto de movimentos, que determina a melhora simultânea da capacidade neurológica e muscular da criança”, explica o médico. A escolha da prática ideal é muito particular e, na primeira fase da vida, deve ser encarado como uma atividade lúdica. O especialista destaca, ainda, que o estímulo competitivo e a excelência de performance devem ser mínimos nos primeiros anos de vida da criança.
O especialista ressalta que, apesar da atividade física ser uma importante aliada contra o sedentarismo, é preciso ter cautela com o excesso de exercícios, bem como com a exigência dos pais por alto desempenho. “O ideal é que a criança esteja ativa na brincadeira ou modalidade esportiva três vezes por semana e, caso haja intensidade nos treinos, deve-se rever o tempo de descanso. O exagero causa lesões graves nos ossos e músculos e exige tratamento médico especializado. Além disso, causa frustrações e problemas psicológicos que perduram, inclusive, na fase adulta”, orienta.
Fique ligado!
- Para bebês de até 1 ano recomenda-se pelo menos 30 minutos por dia de barriga para baixo, podendo ser distribuídos ao longo do dia;
- Crianças de 1 a 2 anos devem fazer brincadeiras e jogos que envolvam atividades como saltar, rastejar, rolar, pular, escalar, equilibrar;
- Dos 2 aos 5, pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, como circuitos e esportes;
- A partir dos 6 anos, as crianças já estão aptas a praticar esportes coletivos de quadra, tênis, artes marciais e demais modalidades.