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Excesso de peso materno

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Excesso de peso materno influencia nos recém-nascidos

Escrito por: Fernanda Ortiz

O ganho excessivo de peso materno durante a gestação expõe tanto a mãe quanto o bebê a problemas de saúde no curto e no longo prazo. Além do maior risco de morte, diversos estudos já demonstraram que bebês que nascem com baixo peso (ou alto) podem vir a desenvolver doenças não transmissíveis ao longo da vida. Sabe-se que, no caso das mães, há uma relação direta via placenta e outras células entre a obesidade e o desenvolvimento fetal. Entretanto, o excesso de peso paterno também pode levar a algumas alterações epigenéticas importantes. Recentemente, um estudo identificou que quanto maior o Índice de Massa Corporal (IMC) do genitor, menor o peso e  perímetro cefálico da criança ao nascer.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) que avaliaram a relação entre o IMC e a circunferência da cintura (CC) paterna com a antropometria e desenvolvimento fetal. A partir de um ensaio clínico randomizado controlado de aconselhamento nutricional para gestantes com sobrepeso, seus respectivos parceiros foram convidados a participar do estudo. No total, foram incluídos 89 tríades parceiro-gestante-recém-nascido. Para análise de dados foram realizadas medidas antropométricas paternas coletadas no momento da entrevista.

Já os dados secundários relacionados ao nascimento (sexo, idade gestacional, peso e comprimento ao nascer, perímetro cefálico e torácico, tipo de parto) foram obtidos via sistemas de informação em saúde. Enquanto isso, as dobras cutâneas dos recém-nascidos foram coletadas na ocasião do teste do pezinho. De acordo com as pesquisadoras, esse trabalho é o desdobramento de um estudo clínico maior que avaliou o aconselhamento nutricional em 350 gestantes com sobrepeso, atendidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Notamos que faltava um componente na equação que envolve o estilo de vida materno e do recém-nascido. Por isso, decidimos analisar o efeito da antropometria paterna e o desenvolvimento fetal”, descrevem.

Resultados

A análise dos dados apontou que 57% dos pais apresentaram IMC ≥ 25 kg/m² e 14,6% circunferência da cintura ≥ 102cm, enquanto a média de peso dos recém-nascidos (g) foi de 3.357 ± 538. O IMC e a CC paternos foram inversamente correlacionados com o perímetro cefálico ao nascer, assim como com o peso ao nascer ajustado pela idade gestacional. De acordo com as autoras, os dados sugerem que o excesso de peso paterno tem um efeito negativo na antropometria e na adiposidade neonatal. “Tais achados reforçam a ideia de que questões antropométricas não são exclusivamente de responsabilidade das mães”, avaliam. Além disso, a manutenção de um estilo de vida saudável também deve ser uma preocupação dos homens antes da concepção de um filho.

Apesar das relações exploradas, não foi possível detectar associações mais fracas entre IMC e CC paternos e antropometria neonatal. Portanto, estudos futuros com amostras maiores são necessários para confirmar ou refutar tais hipóteses, assim como para testar se a perda de peso antes da concepção afetaria a antropometria neonatal. O artigo ‘Relationship between paternal excessive weight and neonatal anthropometry in a clinical trial of nutritional counseling for pregnant women with overweight’ foi publicado em setembro de 2024 no International Journal of Obesity. 

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