Para muitas pessoas, o consumo desenfreado de doces está ligado a momentos de estresse, ansiedade ou até mesmo tédio. O problema é que, ao usar o açúcar como fuga emocional, cria-se um ciclo perigoso no qual a pessoa se sente bem ao comer o doce, mas depois sente culpa, o que leva a novas crises de consumo desregulado. Entre os perigos da compulsão por açúcar está o aumento significativo do risco de desenvolver diabetes tipo 2.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), ao menos 62 milhões de pessoas vivem com diabetes nas Américas. Entretanto, o número deve ser muito maior, uma vez que cerca de 40% das pessoas não sabem que têm a doença. Se as tendências atuais continuarem, o número de pessoas com diabetes na região poderá chegar a 109 milhões até 2040.
Por isso, a ligação entre o diabetes e os transtornos alimentares, em especial a compulsão alimentar por doces, precisa receber a devida atenção. Para a psicóloga Valeska Bassan, especialista em transtornos alimentares, essa relação é complexa e envolve tanto a saúde física quanto a emocional. “Esse ciclo só é quebrado quando o indivíduo consegue entender as situações que despertam a vontade de comer doces. E, muitas vezes, essa compulsão por açúcar está ligada a sentimentos de tristeza ou frustração”, alerta a especialista.
Equilíbrio é essencial
A psicóloga explica que o ideal é ter equilíbrio, ou seja, não é para restringir totalmente nem ingerir açúcar em excesso. “Uma criança que cresce com muita oferta de doces pode desencadear crises compulsórias, assim como aquelas que são educadas para nunca comerem açúcar”, exemplifica.
Quando não controlada, a compulsão por açúcar pode desencadear picos de glicose no sangue que, em longo prazo, tendem a causar resistência à insulina e, eventualmente, levar ao diabetes. Além disso, o ganho de peso decorrente da compulsão por doces coloca pressão sobre o sistema cardiovascular, elevando os riscos de doenças como hipertensão e colesterol alto.
“Em resumo, é fundamental buscar o apoio de um profissional psicológico para aprender a equilibrar a alimentação de maneira saudável e tratar os fatores emocionais que levam à compulsão”, sugere a especialista. Ademais, é importante encontrar atividades que tragam bem-estar e que não envolvam comida, como praticar exercícios, ouvir música ou dedicar-se a um hobby.