A autofonia, também conhecida como ouvido abafado ou entupido, é um fenômeno auditivo comum. Apesar de ser um incômodo passageiro, para as pessoas mais sensíveis representa grande desconforto que causa dor e atrapalha a audição, além de demorar a passar. Essa reação natural ocorre, geralmente, em decorrência das variações da pressão atmosférica, seja no carro ao subir ou descer uma serra, em viagens de avião ou mesmo em situações corriqueiras. Como pode acometer qualquer pessoa, essa sensação de pressão nos ouvidos é queixa frequente, especialmente entre as crianças.
Quando ocorre uma mudança de altitude, a pressão na parte média do ouvido tende a se igualar à da parte externa. Até que haja um equilíbrio, é comum que ocorra essa sensação de audição abafada que, para muitas pessoas, é extremamente incômoda. De acordo com a médica otorrinolaringologista Bruna Assis, do quadro clínico do Hospital Paulista, em São Paulo, as crianças são mais sensíveis devido uma questão anatômica que envolve a estrutura interna do ouvido na fase de crescimento.
Na infância, a tuba auditiva (ligação do ouvido com o nariz) ainda não está bem formada, sendo mais retificada e curta. Com isso, os mecanismos para equalização de pressão podem acontecer de maneira inadequada. “Isso facilita que secreções nasais migrem para o ouvido, provocando maior sensibilidade e a sensação de ouvido abafado”, explica a médica.
Para minimizar esse fenômeno auditivo comum, a médica sugere técnicas simples. Entre as recomendações está mascar chicletes ou balas, pois a mastigação estimula o funcionamento da tuba auditiva. Além disso, realizar lavagens nasais com baixa pressão (com auxílio de seringa ou lavador nasal) ou fazer uso de descongestionantes nasais ou orais (para casos mais intensos), também ajuda a solucionar o problema.
“Outra sugestão é realizar a Manobra de Valsalva, uma técnica de exalação com o nariz tapado e a boca fechada, forçando o ar em direção ao ouvido médio, via tuba auditiva”, sugere. Entretanto, a especialista ressalta que é preciso cautela ao utilizar essa técnica pois, se feita com muita força, pode ocasionar traumas auditivos por pressão (barotraumas), evoluindo com dor intensa e até inflamações.
O que fazer se o problema persistir
Na grande maioria dos casos, a autofonia se resolve espontaneamente, sobretudo a partir da adoção das técnicas mencionadas. Mas, se ainda assim o problema persistir, a recomendação é buscar um médico otorrinolaringologista para avaliação, diagnóstico e tratamento adequados. “A autofonia prolongada pode ser indicativo de outros quadros que demandam cuidados especiais, a exemplo de otites virais ou bacterianas, barotrauma da orelha média ou até mesmo perfurações nos tímpanos”, acentua. Embora sejam quadros bem mais raros, podem decorrer devido a alterações rápidas na pressão atmosférica, causando impacto importante na qualidade de saúde.