As epilepsias, tanto humanas como nos animais (a exemplo de cachorros e gatos), são causadas quando os neurônios entram em hiperatividade e hipersincronia, podendo desencadear crises convulsivas. Entre os fatores para as ocorrências estão lesões no cérebro causadas por acidentes, febres extremas ou estímulos externos, como o som e a luz. No entanto, a maioria das crises humanas são geradas espontânea e inesperadamente e apenas 5% ocorrem devido a algum estímulo – chamadas de crises reflexas.
Com objetivo de aprimorar o diagnóstico e as novas terapias para a condição neurológica, pesquisadores desenvolveram um modelo computacional que simula as propriedades dos neurônios que podem estar por trás das crises epiléticas. Com base em experimentos sobre o funcionamento do sistema nervoso, os pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ambas da Universidade de São Paulo (USP), afirmam que o método permitirá testar tratamentos para a epilepsia previamente no computador, reduzindo a necessidade de experimentos com animais e facilitando a realização de testes em seres humanos.
“A vantagem dos modelos computacionais é que permitem obter explicações e testar hipóteses que hoje são impossíveis de serem testadas experimentalmente. Como os neurônios são células integradoras de sinais vindos de outros neurônios, os modelos possibilitam reconstruir e entender os processos de integração da informação”, aponta o pesquisador Rodrigo Felipe de Oliveira Pena, que desenvolveu o estudo durante seu doutorado na FFCLRP. Outra vantagem é a possibilidade de fazer uma série de simulações para serem testadas posteriormente com experimentação em animais, o que é importante do ponto de vista da ética. O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Neural Systems.