Caracterizada por alterações no ritmo dos batimentos do coração, as arritmias cardíacas podem acometer pessoas de todas as idades. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, a condição impacta mais de 20 milhões de brasileiros e é responsável por cerca de 320 mil mortes súbitas anualmente. Associada a doenças cardíacas estruturais, as arritmias têm como principais fatores de risco hipertensão, diabetes, obesidade, colesterol alto, estresse, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e tabagismo.
Em condições normais, o coração bate de 50 a 100 vezes por minuto, com variações nas situações de repouso ou esforço físico. Entretanto, alterações no funcionamento podem fazer o coração bater em ritmo acelerado (taquicardia) ou lento demais (bradicardia), ocasionando o quadro de arritmia. “Entre as causas que podem levar o coração a apresentar irregularidades estão fatores genéticos, distúrbios hormonais, doenças do músculo cardíaco, como infarto e insuficiência cardíaca, doenças isquêmicas, cardiopatias congênitas, anemia e estresse, entre outros”, afirma o cardiologista e eletrofisiologista José Tarcísio Medeiros de Vasconcelos, da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Tipos de arritmia
As arritmias podem se originar nos átrios, localizados na parte superior do coração, ou nos ventrículos (parte inferior). Assim, tem características, sintomas e tratamento distintos que variam de acordo com o tipo de manifestação. A fibrilação atrial é a condição mais frequente, sendo responsável por 33% dos casos de internação por arritmia. “Trata-se de uma alteração caracterizada por contrações rápidas e descompassadas dos átrios, que causam palpitações e falta de ar”, explica.
A prevalência dessa condição aumenta com a idade e está associada a doenças cardíacas estruturais, como hipertensão e diabetes, com início por volta dos 40 anos e pico de incidência entre 70 e 80 anos. Entre os pacientes mais jovens, os homens são mais afetados. Contudo, após os 75 anos, as mulheres passam a ter um risco maior.
Tratamento
Por ser uma condição grave em muitos casos, a investigação médica é fundamental. O diagnóstico inclui avaliação clínica, exame físico e eletrocardiograma. Além disso, podem ser solicitados exames complementares, a exemplo do teste ergométrico e holter. “Nem todas as arritmias demandam tratamento. No entanto, a depender do tipo e da intensidade pode ser necessário o uso de medicamentos, além de mudanças no estilo de vida”, argumenta o especialista.
Nos casos de bradicardias, os marca-passos podem ser implantados oferecendo controle do ritmo cardíaco. Esses equipamentos emitem impulsos elétricos para corrigir falhas no ritmo dos batimentos. Já nos pacientes com taquicardia ventricular grave (com risco de morte) é utilizado um marca-passo especial chamado desfibrilador automático, que faz a detecção do ritmo cardíaco alterado e libera um choque ressuscitador para evitar a parada cardíaca. A depender da taquicardia pode ser indicada a ablação por cateter, procedimento efetivo e com potencial de cura, que cauteriza o foco da arritmia durante o estudo eletrofisiológico.
Prevenção
As arritmias podem ser evitadas e controladas através de hábitos de vidas mais saudáveis, que incluem redução do estresse, adoção de alimentação balanceada e prática regular de atividade física. Além disso, é recomendado não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas e de energéticos, para reduzir tanto os riscos associados à doença quanto os de morte súbita.