Indivíduos com diagnóstico de distimia

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O perigo de viver com o humor rebaixado

Escrito por: Fernanda Ortiz

Pessimismo, baixa autoestima, irritabilidade e humor constantemente rebaixado são sintomas recorrentes de indivíduos com diagnóstico de distimia. Descrito na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como um transtorno depressivo persistente, o distúrbio afeta de 3% a 5 % da população mundial, de acordo com estimativas da literatura. Apesar de não apresentar uma marca brusca de ruptura, a distimia pode ser classificada como um tipo de depressão crônica com intensidade moderada.

Os portadores do transtorno são pessoas de difícil relacionamento, com baixa autoestima e elevado senso de autocrítica. “Indivíduos com distimia estão sempre irritados, reclamam de tudo e tendem a enxergar apenas o lado negativo das coisas. Além disso, perdem o interesse em atividades cotidianas e se isolam com frequência”, descreve a médica pediatra Gesika Amorim, especialista em Tratamento Integral do Autismo, Saúde Mental e Neurodesenvolvimento e membro da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil.

Outros sintomas incluem desesperança, desânimo, falta de energia, alterações do sono, perda de apetite e de concentração. “Por ser uma condição prolongada e sem crises agudas, muitas vezes o indivíduo se condiciona a viver com esses sentimentos, ou seja, se acostuma com o estado de sofrimento que, para ele, é seu estado normal”, analisa a especialista. A distimia pode acometer pessoas de todas as faixas etárias, sendo mais comum o surgimento dos sinais na adolescência.

Diagnóstico desafiador

O diagnóstico é clínico e se baseia na manifestação dos sintomas por um período ininterrupto de pelo menos dois anos. “O diagnóstico costuma ser desafiador, pois o indivíduo com distimia não se considera doente ou com um problema a ser solucionado. Mesmo as pessoas próximas consideram o mau humor e o pessimismo como parte de sua personalidade e forma de ver o mundo”, avalia a especialista. O curso da doença é crônico e, sem tratamento adequado, pode se arrastar por toda a vida.

Conduzida por um psiquiatra, a abordagem terapêutica de indivíduos com diagnóstico de distimia geralmente engloba o uso de inibidores de receptação de serotonina associados à psicoterapia. “Embora os fármacos corrijam o distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir e estabelecer relações interpessoais. Para isso, recomenda-se a prática de exercícios físicos, atividades de lazer, dedicação a algum hobby, aprendizado de novas habilidades e suporte familiar que, juntos, atuam para a melhor resposta ao tratamento”, enfatiza a médica. Além disso, a distimia pode coexistir com quadros ansiosos ou com transtornos psicóticos, demandando tratamentos concomitantes com supervisão do médico responsável.

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