O câncer de cólon e reto está entre os tumores malignos mais prevalentes no mundo. Com uma etiologia multifatorial que abrange fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, a neoplasia também está relacionada à microbiota intestinal e seu metaboloma. Esses fatores de risco geralmente agem juntos em grupos específicos de pacientes, influenciando como a doença se desenvolve e progride. Além disso, as alterações na microbiota intestinal afetam significativamente a suscetibilidade ao câncer colorretal.
Uma revisão científica desenvolvida na Itália destaca insights recentes sobre fatores de risco modificáveis e não modificáveis para a doença e como podem interagir com a microbiota intestinal e seu metaboloma. Um dos objetivos é entender os mecanismos dessas interações para desenvolver estratégias direcionadas de medicina de precisão. “Com essas informações, podemos ajustar a composição da microbiota intestinal para atender às necessidades individuais de saúde, prevenindo ou tratando este câncer de forma mais eficaz”, reforçam os pesquisadores.
A suscetibilidade ao câncer colorretal aumenta com a idade e o risco é maior em homens do que em mulheres. No entanto, as mulheres são mais suscetíveis aos tumores de cólon altamente agressivos. A incidência da enfermidade e a mortalidade aumentam após os 50 anos, embora os casos tenham diminuído nas últimas décadas. Em contrapartida, esse tipo de neoplasia aumentou entre pessoas com menos de 50 anos, provavelmente devido a estilo de vida mais sedentário e maior adesão à dieta ocidental.
Fatores relacionados
O histórico familiar positivo representa um fator de risco significativo para a enfermidade, observado em cerca de 30% dos casos. Além disso, a doença inflamatória intestinal, que abrange colite ulcerativa e doença de Crohn, aumenta significativamente a suscetibilidade ao câncer colorretal. Outros fatores bem conhecidos são estilo de vida sedentário, hábito de fumar, obesidade, má alimentação, consumo excessivo de açúcar e de bebidas alcoólicas.
Já os fatores de proteção para a enfermidade incluem atividade física, dieta com alto consumo de frutas, vegetais, peixes e produtos integrais, e uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides. “Concluindo, o câncer de cólon e reto surge de uma etiologia multifatorial que abrange uma ampla gama de fatores que determinam coletivamente a probabilidade de desenvolver inicialmente pólipos colorretais e, finalmente, carcinomas”, explicam.
Os autores desta revisão destacam a importância de entender como esses fatores interagem com o microbioma intestinal para influenciar o desenvolvimento e a progressão deste tipo de câncer. “Esse entendimento continuará a melhorar a prevenção e o gerenciamento da doença, tanto em casos esporádicos quanto em pacientes com síndromes de câncer hereditárias”, acentuam.
Os responsáveis pela revisão acreditam que, em um futuro próximo, a medicina personalizada poderá se expandir para a saúde intestinal por meio de intervenções individualizadas, adaptadas ao perfil único da microbiota de cada indivíduo, para prevenir e tratar este câncer. Essa abordagem poderá incluir triagem regular para mapear a microbiota intestinal e o metaboloma, orientando ajustes dietéticos direcionados, uso estratégico de prebióticos e probióticos e até mesmo transplante fecal de doadores saudáveis.
“Além disso, modificações da microbiota intestinal podem aumentar a eficácia das imunoterapias existentes, melhorando assim os resultados na terapia do câncer colorretal”, finalizam. O artigo ‘Genetics, diet, microbiota, and metabolome: partners in crime for colon carcinogenesis’ foi publicada no Clinical and Experimental Medicine em outubro de 2024.