O câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, pode ocorrer devido à infecção genital persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), transmitido através de relações sexuais sem proteção. Embora na maioria dos casos sua infecção não provoque doenças imediatas, em outros pode ocorrer alterações celulares com alto potencial para desenvolver a neoplasia. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, entre 2023 e 2025, cerca de 17 mil novos casos da doença devem ser diagnosticados no Brasil. Por se desenvolver lentamente, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir o risco de óbito.
A doença pode se desenvolver sem sintomas em sua fase inicial. Em quadros mais avançados, geralmente ocorre sangramento vaginal intermitente ou pontualmente após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. “O início precoce da atividade sexual, a variedade de parceiros e histórico de infecções sexualmente transmissíveis são alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia”, comenta a médica oncologista Solange Kuwamoto, do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC).
Como a infecção pelo HPV é a principal causa para o aparecimento desse tipo de tumor em 95% dos casos, uma das principais recomendações é o uso de preservativos na relação sexual. Entretanto, a médica observa que esse método contraceptivo protege parcialmente o contágio, que também pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, regiões perineais (situada entre a vulva e o ânus na mulher, e entre o escroto e o ânus no homem), perianal (em volta do ânus) e bolsa escrotal.
Rastreamento
Conforme diretrizes do INCA, o método de rastreamento no Brasil é o exame citopatológico (Papanicolau), que deve ser oferecido às mulheres com idade entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual. A médica explica que a priorização desta faixa etária se justifica por ser a de maior ocorrência das lesões de alto grau e passíveis de serem tratadas efetivamente, para não evoluírem para o câncer. “O rastreamento é feito com a repetição do exame Papanicolau. Os dois primeiros devem ser realizados anualmente e, caso os resultados sejam negativos, os demais podem ser feitos a cada três anos”, comenta. O exame permite o diagnóstico precoce, fundamental para evitar que a doença se agrave.
A realização periódica do exame – disponível na rede pública de saúde – possibilita o diagnóstico de lesões pré-cancerosas. Dessa forma, possibilita o diagnóstico precoce, o tratamento, a prevenção de progressão para lesões invasivas e a redução da mortalidade pela doença. Além disso, o Ministério da Saúde oferece, gratuitamente, a vacinação contra o HPV. A imunização envolve duas ou três doses, dependendo da idade em que é iniciada. A vacina previne contra quatro tipos do HPV (6, 11, 16 e 18) e deve ser aplicada em três doses (a segunda seis meses após a primeira, e a terceira cinco anos mais tarde). Os tipos 16 e 18 respondem por 70% dos casos da doença. A vacina é disponibilizada para meninas de 9 a 14 anos, e meninos de 11 a 14 anos.
Tratamento
O tipo de tratamento será determinado pelo médico especialista, levando em consideração o estágio da doença, a saúde geral do paciente e outros fatores relevantes. O protocolo terapêutico pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo. Quando indicada, a cirurgia tem como objetivo remover o tumor e, a depender do caso, a retirada do útero e – se necessário – de outros órgãos comprometidos. “Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento, maiores serão as chances de cura. Por isso, a prevenção e a busca por orientação médica, quando há presença de sinais e sintomas de alerta, é extremamente importante”, finaliza a oncologista.