O cálculo biliar – popularmente conhecido como pedra na vesícula – consiste na mistura sólida de substâncias presentes na bile, como sais biliares, bilirrubina e colesterol. Caracterizada pela formação de pequenas formações móveis no interior da vesícula, a condição acomete milhões de pessoas em todo o mundo. O problema causa dor abdominal intensa que pode ser debilitante afetando, assim, a saúde e a qualidade de vida.
A vesícula biliar é um órgão em forma de saco localizado junto ao fígado. De acordo com o cirurgião gastrointestinal Lucas Nacif, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), sua função é armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que atua na digestão dos alimentos. “Após as refeições, a vesícula libera a bile para os canais biliares que a conduzem até o intestino delgado onde desempenhará um papel importante na digestão, especialmente na quebra de gordura dos alimentos”, explica.
No entanto, quando há um desequilíbrio dos componentes da bile – particularmente o colesterol, a bilirrubina e os sais biliares – podem surgir pequenas pedras formadas por um agregado de cristais na vesícula biliar. Os cálculos biliares são conhecidos popularmente como pedras na vesícula. Entre os fatores de risco para a formação de cálculos biliares estão obesidade, níveis elevados de colesterol, dieta pobre em fibras e rica em gorduras, mulheres em idade fértil ou com mais de 40 anos e terapia com estrógenos.
Sintomas podem ser intensos
Enquanto algumas pessoas com essa condição não apresentam sintomas, outras enfrentam uma dor intensa e descontínua em decorrência do tamanho dos cálculos e de sua localização. Entre os sintomas estão dor abdominal intensa, especialmente no quadrante superior direito; mal-estar, vômito, calafrio, febre e icterícia (pele e olhos amarelados). Além disso, podem ocorrer complicações na digestão ou desconforto após consumir refeições mais ricas em gorduras ou carboidratos.
“Embora o cálculo possa ser inofensivo, sem o tratamento adequado pode evoluir para um quadro inflamatório”, pontua o especialista. Entre as complicações estão a colecistite – quando um cálculo bloqueia o canal que leva a bile da vesícula até o intestino –, fístulas, cálculo no duto que transporta a bile (duto biliar), inflamação das vias biliares ou no pâncreas. Portanto, ao sinal dos primeiros sintomas é importante buscar ajuda especializada.
O diagnóstico é realizado por meio do exame de ultrassom de abdômen total e de análises sanguíneas para verificar a quantidade de bilirrubina e de enzimas pancreáticas. Detectada a presença de cálculos, o tratamento é exclusivamente cirúrgico. A colecistectomia, procedimento para remoção cirúrgica da vesícula biliar, normalmente é realizada por videolaparoscopia com anestesia geral. A recuperação normalmente é rápida e o paciente tem alta no dia seguinte.
Prevenção
Embora a hidratação adequada possa ajudar a diluir a bile e reduzir o risco de formação de cálculos, outras recomendações são importantes. Por exemplo, manter uma dieta rica em fibras e pobre em gorduras saturadas e açúcar ajudam a elevar o HDL (colesterol bom) e reduzir o LDL (colesterol ruim). “Além disso, manter o controle de peso, praticar atividades físicas regulares e evitar o álcool e o tabagismo são fatores que contribuem para a boa saúde e a prevenção da condição”, finaliza o especialista.