Alguns alimentos vão além da nutrição e são associados a benefícios para o bem-estar geral, prazer e conforto emocional, como o chocolate. Isso porque este alimento tem teor de carboidratos e gordura, além de qualidades orossensoriais (aroma, sabor, imagem, textura) que o tornam reconfortante. Por isso, pesquisadores brasileiros realizaram um estudo para determinar os efeitos do consumo de chocolate no estado nutricional de idosos com câncer em cuidados paliativos.
De acordo com a literatura, quanto maior o teor de cacau, mais efeitos benéficos o chocolate terá, atuando contra o estresse oxidativo e a inflamação sistêmica – fatores de risco para a progressão do câncer. Para avaliar os efeitos do consumo de chocolate, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) desenvolveram um estudo com 46 pacientes idosos com câncer em acompanhamento ambulatorial.
No estudo, os pacientes foram divididos em três grupos. Um grupo (16 pacientes) consumiu diariamente 25g chocolate 55% de cacau. O segundo grupo (15) ingeriu de 25g/dia de chocolate branco, enquanto o terceiro (15 pacientes) foi considerado controle. Os pesquisadores analisaram estado nutricional (desfecho primário), consumo alimentar, antropometria, composição corporal, parâmetros laboratoriais e qualidade de vida com o instrumento da Organização Europeia para a Pesquisa e Tratamento do Câncer. As análises foram feitas no início do estudo e após quatro semanas de teste para avaliação do estado nutricional.
Resultados
Os resultados demonstraram que o consumo de chocolate com maior teor de cacau pode contribuir para a melhora do estado nutricional e da funcionalidade entre pacientes idosos com câncer em cuidados paliativos. Enquanto isso, o consumo de chocolate branco foi associado à melhora dos parâmetros de estresse oxidativo.
De acordo com a médica geriatra Nereida Kilza da Costa Lima, professora da FMRP e orientadora do estudo, foi observada boa adesão ao consumo de ambos os tipos de chocolate durante o estudo. Portanto, o chocolate pode ser considerado um alimento viável, prazeroso e de fácil acesso, contribuindo para a oferta alimentar e bem-estar dos pacientes.
“Considerando que as preferências alimentares são altamente pessoais, acreditamos que o apoio nutricional também deve ser adaptado às necessidades, desejos e preferências de cada um para ser eficaz e aplicável à realidade de cada pessoa”, pontua. Nesse sentido, a assistência nutricional pode ser uma oportunidade para auxiliar os pacientes e seus familiares durante o tratamento. O artigo ‘Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study’ foi publicado em 2022 no periódico BMC Palliative Care, da Springer Nature – doi.org/10.1186/s12904-021-00893-1.