As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de mortalidade global, afetando milhões de pessoas. Só no Brasil, cerca de 400 mil mortes são registradas todos os anos de acordo com dados do Ministério da Saúde. Fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, obesidade, sedentarismo e tabagismo são conhecidos por contribuir para o desenvolvimento e agravo dessas condições. No entanto, a alimentação é aliada do coração e uma das melhores formas de frear a incidência de problemas. Assim, com a adoção de hábitos de vida saudáveis e uma dieta alimentar balanceada é possível fortalecer o coração, reduzir o risco de doenças e melhorar a qualidade de vida.
Segundo a nutricionista Priscila Bernardes, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Newton Paiva, em Minas Gerais, a alimentação desempenha um papel crucial tanto na prevenção quanto no manejo dessas doenças. “Enquanto alguns alimentos são benéficos e podem melhorar a função cardíaca, outros podem fazer a função inversa e aumentar o risco de problemas. Dessa forma, é fundamental traçar objetivos e investir em uma dieta equilibrada que contribua para a manutenção da saúde e para a prevenção de doenças cardiovasculares”, avalia.
Alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais, grãos integrais e legumes, são recomendados para a saúde do coração. Eles ajudam a reduzir os níveis de colesterol no sangue e a promover a saciedade, auxiliando na manutenção do peso. Além disso, são fontes de antioxidantes, que combatem a inflamação e protegem as células do coração. “O consumo de frutas, legumes e vegetais está associado com a menor incidência e mortalidade por doenças cardíacas e seus fatores de risco, como obesidade e diabetes tipo II”, destaca a nutricionista.
Determinados alimentos que possuem gorduras são benéficos à saúde, pois agem na redução dos níveis de colesterol e dos triglicérides, ajudam a controlar a pressão arterial e retardam o desenvolvimento de placas nas artérias. “Entre eles se destacam os ácidos graxos e ômega-3, que são encontrados em óleos vegetais como soja, canola e linhaça, nas castanhas e nozes, e em peixes de águas frias como o salmão, atum e a sardinha”, comenta a especialista. As nozes, por exemplo, também possuem ação anti-inflamatória e antioxidante, melhorando a função do endotélio, que é o revestimento interno dos vasos sanguíneos, atuando também como protetor cardiovascular.
Preferido dos brasileiros, estudos na literatura médica mostram que o consumo regular de chocolate é benéfico à saúde cardiovascular da população em geral, podendo reduzir o risco de doenças. O efeito benéfico é creditado ao cacau, que é rico em flavonoides, particularmente epicatequina, catequina e procianidinas. A melhor opção são os chocolates amargos por conterem menos calorias, gorduras e açúcar. “Para obter melhores benefícios, a recomendação é buscar um especialista em nutrição para definir melhores cardápios e quantidade de acordo com as necessidades e condições individuais de saúde”, observa a especialista.
Potencialmente prejudiciais
Por outro lado, alimentos ricos em gorduras saturadas, gorduras trans e colesterol podem ser prejudiciais à saúde do coração. “Carnes vermelhas, laticínios integrais e alimentos processados ou fritos devem ser consumidos com moderação, pois podem contribuir para o acúmulo de placas nas artérias, levando a doenças cardíacas”, comenta. Já o sal (sódio) é o maior vilão para quem busca a saúde, uma vez que o consumo excessivo está associado à hipertensão, que é um importante fator de risco para doenças cardíacas. A recomendação, segundo a especialista, é limitar a ingestão de alimentos altamente processados e fast food, que frequentemente contêm altos níveis de sódio e gordura vegetal hidrogenada, cujo consumo excessivo está associado ao acúmulo de placas de gordura nas artérias, o que dificulta a passagem do sangue e aumenta, assim, os riscos de infartos e AVC.
Prevenção além da alimentação
Mais do que a adoção de uma dieta balanceada e saudável, o estilo de vida desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças cardíacas. “A prática regular de atividades físicas, a manutenção de um peso saudável, o controle do estresse, sono de qualidade, assim como, evitar o álcool e tabagismo, são medidas essenciais para a saúde do coração. Juntos, dieta e estilo de vida podem não apenas prevenir, mas também controlar as doenças cardíacas e melhorar a qualidade de vida”, ressalta. Embora esses fatores sejam benéficos, a especialista conclui que pessoas com risco elevado de doenças cardíacas devem buscar acompanhamento médico regular, pois o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para o manejo eficaz dessas enfermidades.
