Piercings e tatuagens têm sido parte da expressão humana por milhares de anos, porque carregam histórias e significados. Apesar de toda a popularidade, há uma série de mitos e verdades que cercam esses procedimentos, principalmente em relação à saúde como traumas, queloides e a cicatrização da pele. De acordo com a médica dermatologista Bruna Morassi, da AMA Especialidades Capão Redondo, há mitos e verdades sobre esses procedimentos que precisam ser mais bem esclarecidos.
Independentemente do procedimento, é crucial o uso de protetor solar, principalmente no caso das tatuagens. “A exposição inadequada ao sol pode não só comprometer a qualidade estética do trabalho, mas também prolongar o tempo de cicatrização e aumentar o risco de complicações”, adverte.
O uso de piercings pode realmente causar traumas na pele. Verdade. Os piercings podem apresentar diferentes complicações, tais como o próprio trauma, sangramento local e infecções bacterianas. Além disso, podem transmitir infecções virais, como a hepatite, caso o material não seja adequadamente esterilizado na hora da perfuração. Ademais, podem surgir irritações na pele tanto devido ao trauma agudo e inchaço quanto à alergia ao metal, principalmente materiais como o níquel e o ouro. Portanto, é importante dar preferência ao uso de metais como titânio ou aço inoxidável cirúrgico nos piercings, além de realizar o procedimento em um lugar seguro e confiável.
Irritações na pele são comuns somente após a perfuração. Mito. As alergias de contato ao metal, por exemplo, podem ocorrer imediatamente caso a pessoa tenha sensibilidade ao material utilizado na joia ou podem se desenvolver ao longo de meses ou anos. Nessas alergias é comum que o local do piercing fique vermelho e irritado, podendo apresentar coceira e descamação.
As tatuagens também podem ocasionar traumas na pele. Verdade. Tanto as tatuagens decorativas como as de maquiagem permanente podem resultar em uma resposta inflamatória aguda transitória. Essa reação também é induzida pelo trauma das perfurações realizadas nos procedimentos. Assim, podem ocorrer dores, formação de bolhas, crostas e pequenos sangramentos. Em casos mais graves, o organismo pode responder com pus e febre. As reações alérgicas à tatuagem também são, muitas vezes, atreladas a um tipo de pigmento inserido na arte. Dessa forma, podem manifestar-se logo no início ou até anos após, sendo crônicas e persistentes. Alguns tipos de pigmento em cor vermelha estão mais associados a alergias crônicas.
Pessoas que já têm doenças na pele podem fazer tatuagem normalmente. Mito. Em relação a pacientes com doenças dermatológicas, as tatuagens geralmente são contraindicadas, especialmente nos casos de doenças alérgicas e condições como psoríase e vitiligo, que podem desencadear lesões e traumas. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente com o dermatologista.
Existem áreas que podem ocasionar maiores riscos para a saúde. Verdade. Em relação aos piercings, as áreas com maior risco de complicações são o umbigo, seguido da orelha. No entanto, os casos de complicações mais graves e arriscadas ocorrem com piercings na língua e na região genital. Quanto às tatuagens, áreas do corpo como as mucosas oral e genital são consideradas locais contaminados, apresentando maior risco de complicações.
Existem locais em que há mais riscos de ter queloides. Verdade. Os locais mais comuns para aparecimento de queloides após esses procedimentos são as regiões de orelha, ombro e peito. Embora sejam mais frequentes em pessoas de 10 a 30 anos, pode acontecer com qualquer pessoa.
É possível melhorar a cicatrização da pele após os procedimentos. Verdade. Além dos cuidados locais e do uso de pomadas cicatrizantes, é recomendado evitar o consumo de álcool e cigarro, além de manter a dieta balanceada. É importante ressaltar que diagnósticos de hipertensão, obesidade, diabetes e doenças autoimunes também podem interferir no processo de cicatrização. Portanto, essas condições devem ser controladas antes desses procedimentos.