Escarlatina acomete principalmente crianças

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Escarlatina requer cuidados específicos

Escrito por: Fernanda Ortiz

A escarlatina é uma doença infectocontagiosa aguda com sintomas súbitos como dor ao engolir, febre e desconforto, que acomete majoritariamente crianças e adolescentes em idade escolar. A incidência da doença tem aumentado em vários países, inclusive no Brasil. De acordo com nota técnica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em 2023, somente na cidade de São Paulo ocorreram 164 casos notificados, número 40 vezes maior que o registrado em 2020. O aumento dos casos é consequência do período de isolamento em decorrência da pandemia da Covid-19 e da ausência efetiva de notificações nos últimos anos.

Causada por cepas de estreptococos do grupo A (Streptococcus pyogenes), a escarlatina é transmitida pelo contato direto através de gotículas expelidas pela tosse/espirro ou por objetos compartilhados. “Caracterizada pela inflamação da faringe e amígdala, os sintomas iniciais incluem dor ao engolir, presença de pus e aumento de gânglios na garganta, febre alta e desconforto”, enumera a médica otorrinolaringologista Cristiane Adamo, do Hospital Paulista. A doença acomete principalmente a faixa etária entre 5 e 15 anos e dificilmente afeta crianças menores de dois anos, pois, além de carregarem a proteção dos anticorpos maternos via amamentação, possuem amígdalas ainda pouco desenvolvidas.

Em estágio mais avançado, o quadro clínico da doença pode evoluir para alterações na pele com a erupção de bolinhas vermelhas e ásperas pelo corpo (que podem coçar ou arder). Além disso, a língua fica com aspecto de framboesa, ou seja, mais avermelhada e com as papilas ampliadas; e surge vermelhidão nas dobras do joelho e cotovelo. “Tendo em vista que a infecção por estreptococos tem potencial de danos bem maiores quando não tratada, é essencial que pais e cuidadores estejam alertas às queixas da criança, mesmo aos sintomas que pareçam comuns”, reforça a especialista. Portanto, devem evitar o tratamento doméstico com medicação sem prescrição e buscar avaliação médica para diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Cuidados

O diagnóstico da escarlatina é feito com base na observação clínica com associação de febre, inflamação da garganta e erupção puntiforme de cor vermelho vivo e distribuição típica. Entretanto, deve ser confirmado através da pesquisa do estreptococo em esfregaço colhido por swab da garganta e, se necessário, por exames sorológicos. O tratamento padrão é com penicilina ou amoxicilina. Esses antibióticos de primeira linha têm o objetivo de eliminar os estreptococos e evitar possíveis complicações na fase aguda. Nos doentes alérgicos a esses fármacos, o medicamento habitualmente utilizado é a eritromicina.

A recuperação geralmente é concluída entre 3 e 6 dias do início do tratamento, no entanto, os sintomas cutâneos podem levar de 14 a 21 dias para desaparecer. De acordo com a médica, a melhor forma de prevenir a doença é evitar o contato com pessoas infectadas. Além disso, é preciso manter a boa higiene das mãos, não compartilhar objetos de uso pessoal e desinfetar fronhas, toalhas e brinquedos usados pela criança infectada. Como a escarlatina acomete principalmente crianças e adolescentes, os surtos da doença são mais frequentes no início dos períodos letivos e em estações de temperaturas mais frias. Por isso, recomenda-se atenção redobrada nesses períodos.

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