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Hormônio do crescimento

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Doença rara provoca crescimento de mãos e pés

Escrito por: Fernanda Ortiz

A acromegalia é uma doença rara, crônica e sistêmica provocada pela produção excessiva do hormônio do crescimento (GH) na vida adulta. De acordo com a literatura médica, em cerca de 98% dos casos a origem está ligada a um tumor benigno hipofisário produtor de GH. Entre os principais sintomas estão alterações na fisionomia, a exemplo do crescimento de mãos e pés. Clinicamente, a condição se desenvolve de forma lenta e traiçoeira. Isso corrobora para um diagnóstico tardio, quando muitas características da doença já se tornaram manifestas e irreversíveis.

A doença é causada pela produção excessiva do hormônio do crescimento e pela IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) – uma proteína produzida no fígado. Na grande maioria dos casos, essa produção está relacionada à presença de tumores benignos na hipófise (glândula endócrina). De acordo com a médica endocrinologista Ana Beatriz Winter, professora associada de Endocrinologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), trata-se de uma doença insidiosa.

Entre os diversos sintomas estão alterações na fisionomia atribuídas ao processo de envelhecimento. “Por exemplo, crescimento das extremidades (mãos e pés), aumento significativo da testa, do rosto e do espaçamento entre os dentes, além de maior volume do tórax, genitais e nariz”, enumera. Pela característica exacerbada dos sintomas, o diagnóstico precoce é essencial para reduzir as comorbidades associadas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

As complicações incluem problemas cardíacos como hipertensão, hipertrofia ventricular, arritmias e doença coronariana. Além disso, problemas metabólico-endócrinos (diabetes mellitus), complicações respiratórias como a apneia do sono, alterações articulares e maior risco de neoplasias de cólon e tireoide. “Ademais, o tumor hipofisário pode causar comprometimento visual que, caso não apresente compressão de longa data das estruturas nervosas responsáveis pela visão, pode ser revertido após a cirurgia de remoção”, ensina.

Diagnóstico precoce

Por ser uma doença pouco conhecida pela população, é frequente que seja descoberta por acaso entre 8 e 10 anos após seu desenvolvimento. Para isso, além de anamnese detalhada é solicitado exame de IGF-I (fator de crescimento semelhante à insulina tipo I), que reflete a secreção de GH. “Se o exame confirmar a elevação do IGF-I, solicita-se a tomografia computadorizada ou ressonância magnética de crânio para localizar a presença do tumor benigno na hipófise e confirmar o diagnóstico”, orienta.

O tratamento para acromegalia é definido após a análise de cada caso. Por sua ação curativa, a cirurgia de remoção do tumor é a principal terapêutica. De acordo com a prática clínica, quando os adenomas são pequenos (menores 10mm), sua retirada pode levar à cura entre 80% e 90% dos casos. Caso não haja remissão da doença após a cirurgia, o tratamento clínico é feito com o uso de medicações, a exemplo de agonistas dopaminérgicos e análogos da somatostatina, e da octreotida para aplicação intramuscular. “Todos têm por objetivo controlar a produção de GH e aliviar os sintomas”, explica a médica. As opções terapêuticas de primeira linha estão incorporadas no rol de medicações da Agência Nacional de Saúde (ANS) e disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

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