No Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre as neoplasias malignas mais frequentes, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Além disso, é responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença. Esta enfermidade, muitas vezes silenciosa e de difícil diagnóstico, requer atenção especial devido à sua agressividade e aos desafios na detecção precoce.
“O câncer de pâncreas é uma das neoplasias mais desafiadoras que enfrentamos, tanto pela complexidade do diagnóstico quanto pela limitação das opções terapêuticas disponíveis”, explica a médica oncologista Larissa Maria Macedo Lopes, do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP). A doença apresenta diversos fatores de risco, incluindo idade avançada, tabagismo, histórico familiar, obesidade, diabetes mellitus e pancreatite crônica.
Além disso, exposição ocupacional a toxinas, síndromes hereditárias, dieta rica em carne vermelha e consumo excessivo de álcool aumentam os riscos. “Compreender os fatores que desencadeiam a doença é fundamental para a prevenção e detecção precoce”, acentua a médica. Ademais, pacientes com histórico familiar ou síndromes genéticas devem ser especialmente cautelosos e se beneficiar de programas de rastreamento.
Suplementos
Outro fator de alerta importante e cada vez mais comum é a suplementação sem orientação médica. O excesso de vitaminas lipossolúveis, como A, D, E e K, ou minerais como ferro e selênio, pode levar à toxicidade resultando em inflamação ou pancreatite. “Suplementos também podem interagir com medicamentos e afetar a função pancreática ou a absorção de nutrientes essenciais”, alerta a médica.
Além disso, alguns suplementos podem estar contaminados com substâncias tóxicas. Para garantir a segurança, é fundamental que a suplementação seja feita apenas quando necessária e sempre com a orientação de um profissional de saúde. Portanto, é crucial que as pessoas sejam cautelosas com o uso de suplementos sem orientação médica.
Quanto mais cedo, melhor
Os desafios na detecção precoce ocorrem devido à falta de sintomas específicos nas fases iniciais e à própria localização anatômica do órgão. No entanto, estratégias de rastreamento para indivíduos de alto risco podem ajudar a identificar a doença mais cedo. Os exames de imagem avançados, como ressonância magnética, ultrassonografia endoscópica e tomografia computadorizada, assim como biomarcadores e acompanhamento de lesões císticas, são fundamentais.
De acordo com a médica, identificar a enfermidade precocemente melhora significativamente as chances de um tratamento bem-sucedido, mas é essencial que os pacientes e médicos estejam atentos aos sinais de alerta. Os sintomas podem incluir icterícia, dor abdominal ou lombar, perda de peso inexplicável, náuseas, fadiga, alterações nas fezes, urina escura, perda de apetite e até mesmo o surgimento recente de diabetes sem fatores de risco conhecidos. “Embora esses sintomas possam ser comuns a outras condições menos graves, é importante que não sejam ignorados, especialmente em pessoas com fatores de risco conhecidos”, alerta a oncologista.
Opções de tratamento
O avanço na medicina tem trazido novas esperanças para o tratamento do câncer de pâncreas. Terapias-alvo e a medicina de precisão, que utilizam perfis moleculares específicos para direcionar o tratamento, têm se mostrado promissoras. Além disso, inovações como imunoterapia, quimioterapia potencializada e avanços em cirurgia minimamente invasiva oferecem novas perspectivas para os pacientes.
A prevenção é também um ponto-chave. Por exemplo, a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool são medidas fundamentais para reduzir o risco de câncer de pâncreas. “Quanto mais informados estivermos sobre os riscos e sintomas, maiores serão as chances de diagnosticar a doença precocemente e melhorar os resultados do tratamento”, conclui a especialista.