Alteração na glândula tireoide

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Toda atenção possível com a glândula tireoide

Escrito por: Elessandra Asevedo

Diversas ações buscam conscientizar a população sobre as complicações que podem acometer a glândula tireoide. Com o formato de borboleta, a glândula está localizada abaixo do Pomo de Adão, na parte anterior do pescoço. A função da tireoide é produzir dois dos hormônios mais importantes para o bom funcionamento dos músculos, órgãos, do metabolismo e equilíbrio do corpo – triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Portanto, indivíduos com alteração na glândula tireoide podem ter uma melhor qualidade de vida por meio da educação, prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento.

De acordo com o médico cirurgião de cabeça e pescoço Arthur Vicentini, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, a tireoide pode deixar de funcionar adequadamente ao longo da vida. Em geral, isso ocorre por causa de alterações autoimunes. Dentre os riscos dessa alteração na glândula tireoide está o surgimento de problemas como hipotireoidismo, hipertireoidismo, doenças autoimunes, nódulos benignos e câncer.

“Quando a tireoide trabalha de forma insuficiente ocorre o hipotireoidismo, e quando os hormônios são produzidos em excesso acontece o hipertireoidismo”, explica o médico. As duas condições podem estar relacionadas às chamadas doenças autoimunes, que ocorrem quando o sistema imunológico ataca as células saudáveis do organismo levando a um desequilíbrio.

O hipotireoidismo é a condição mais comum e uma das principais causas é a doença de Hashimoto, em que os próprios anticorpos atacam a tireoide. Os sintomas incluem cansaço, sonolência, funcionamento lento do intestino, batimentos cardíacos reduzidos e sensibilidade ao frio. Já o hipertireoidismo é caracterizado por sintomas como aceleração do coração, tremores, sensação de calor e pele avermelhada. Em casos específicos, como a doença de Graves, os pacientes podem apresentar olhos proeminentes, ou seja, que parecem saltados para fora.

Ambos os sexos

Dados do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) mostram que a predominância de casos de hipotireoidismo em mulheres é de 10%. Entretanto, pode chegar a 15% na fase da menopausa, quando há perda da proteção dos hormônios femininos. Em homens o problema é menos frequente e a prevalência fica em torno de 3%. No Brasil, a incidência anual do hipotireoidismo em mulheres é de 4/1.000 e, nos homens, de 0,6/1.000.

O hipertireoidismo tem distribuição mais homogênea entre gêneros, dependendo da causa. De acordo com publicação de 2023 da Brazilian Journal of Health Review, a doença de Graves apresenta índices 5 a 10 vezes maior em mulheres do que em homens, sendo mais frequente entre os 20 e 40 anos. O problema é responsável por até 80% dos casos de hipertireoidismo.

Nódulos e câncer

Além das alterações no funcionamento da glândula, por vezes é possível encontrar nódulos na tireoide. Na grande parte dos casos, trata-se de lesões benignas. Entretanto, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 16.660 casos novos de câncer de tireoide sejam diagnosticados para cada ano do triênio 2023-2025. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos de tumores mais frequentes no Brasil.

O cirurgião Arthur Vicentini aponta que os nódulos podem ser um sinal de alerta para o câncer de tireoide. Assim, aproximadamente 10% dos portadores de nódulos podem apresentar células malignas. De acordo com o médico, na maioria dos casos é um tumor com baixa mortalidade, facilmente identificável e tratável quando diagnosticado em fases precoces.

Autoexame e diagnóstico

Uma forma de auxiliar o diagnóstico prévio de qualquer alteração na glândula tireoide é realizando o autoexame. Na frente de um espelho, basta identificar onde está o ‘gogó’ no pescoço e engolir um gole de água com a cabeça levemente estendida para trás. O cirurgião Arthur Vicentini ensina que, ao engolir, é normal perceber que a tireoide se movimenta para cima. No entanto, se ao fazer esse movimento for possível perceber alguma saliência ou protuberância anormal é preciso ficar atento. Neste caso, deve-se repetir o autoexame e, em caso de persistência, procurar atendimento médico.

A suspeita diagnóstica do câncer de tireoide é feita por exames de imagem, principalmente a ultrassonografia. “O exame permite identificar a presença de nódulos e avaliar as características como tamanho, forma, existência de calcificações e padrão de vascularização”, afirma. Se o médico suspeitar de algo após o exame, o próximo passo é a realização de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF). O procedimento consiste na retirada de células encontradas no nódulo para realizar uma análise laboratorial.

Para diferenciar os nódulos inofensivos dos perigosos, os médicos recorrem à Classificação de Bethesda. Este sistema de classificação analisa minuciosamente as células obtidas pela biópsia dos nódulos e divide os resultados em seis categorias, desde células normais até malignas. “Se um nódulo é classificado como Bethesda 5 ou 6, as chances de ser cancerígeno são altas, variando de 75% a 97%”, pontua o cirurgião.

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