Erisipela é uma condição não contagiosa

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Erisipela pode evoluir para quadros dolorosos

Escrito por: Fernanda Ortiz

Caracterizada por um processo infeccioso, a erisipela é uma condição não contagiosa desencadeada pela ação da bactéria Streptococcus pyogenes. Ao se propagar pela pele ou mucosa, a porta de entrada da bactéria ocorre por meio de lesões, especialmente nas extremidades dos membros inferiores, como picadas de insetos, micoses ou por pequenos cortes e feridas. A condição pode evoluir para quadros dolorosos que se disseminam pelos gânglios linfáticos e podem atingir o tecido subcutâneo e gorduroso. Ainda que seja curável, sem o tratamento adequado a doença pode se tornar crônica e causar sequelas.

De acordo com o médico angiologista e cirurgião vascular Mauro Figueiredo C. de Andrade, membro da Comissão de Doenças Linfáticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), os sintomas iniciais assemelham-se aos de uma gripe. “Os pacientes com erisipela apresentam mal-estar, fadiga, calafrios e febre geralmente alta, sinais que podem se manifestar antes mesmo de a lesão se tornar visível”, explica. Além disso, a lesão na pele é brilhante e vem acompanhada de dor, vermelhidão, edema (inchaço) e aumento da temperatura na região afetada. Em situações mais graves, formam-se bolhas ou feridas, um sinal de necrose dos tecidos.

O diagnóstico é basicamente clínico e requer uma avaliação detalhada. O tratamento engloba o uso de antibióticos, preferencialmente da classe da penicilina ou seus derivados, juntamente com intervenções locais como cuidados com a porta de entrada da infecção e aplicação de compressas frias ou gelo, além de terapias sintomáticas. “O objetivo da terapêutica é erradicar o processo infeccioso da pele, cicatrizando as lesões”, destaca o especialista.

Em fases iniciais da doença, também pode ser recomendado repouso absoluto com as pernas elevadas, favorecendo a boa circulação do fluxo do sangue dos membros inferiores para o coração.  A depender da gravidade dos sintomas e do estado geral do paciente – principalmente os mais idosos e com doenças crônicas – a erisipela deve ser tratada em ambiente hospitalar com administração endovenosa dos antibióticos. “Sem o tratamento adequado a doença pode deixar sequelas, a exemplo do linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos da doença”, acentua.

Grupo de risco e prevenção

A erisipela é uma condição não contagiosa mais comum em diabéticos, idosos, pacientes imunodeprimidos e obesos. Além disso, atinge indivíduos com condições como insuficiência venosa, varizes, edema nos membros inferiores e histórico de trombose. “Cada episódio da doença eleva significativamente o risco de recorrência, destacando a importância de educar tanto o paciente quanto seus familiares sobre os sinais de alerta e as medidas preventivas”, afirma o médico.

Para evitar o agravo dos sintomas e, consequentemente, ter boa resposta ao tratamento, alguns cuidados são importantes. A prevenção deve incluir repouso, boa hidratação, controle de doenças pré-existentes e, principalmente, cuidados adequados com a pele. “Isso inclui a manutenção da região entre os dedos dos pés sempre seca, a limpeza de ferimentos com água e sabão e, ocasionalmente, o uso de antissépticos tópicos”, orienta o especialista. Além disso, o acompanhamento médico especializado é fundamental para garantir a prescrição de medicamentos e o controle das doses, assim como a redução de complicações da doença e uma boa qualidade de vida ao paciente.

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