O termo ‘probiótico’, de origem grega, significa ‘para a vida’ e tem sido empregado das mais diversas maneiras ao longo das últimas décadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com a Food and Agriculture Organization (FAO), definiu em 2001 que probióticos são ‘microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro’.
Esses microrganismos pertencem a diferentes gêneros e espécies, tanto de bactérias como de leveduras. Assim, um dos critérios de seleção de um microrganismo probiótico é que seja de origem humana, e inúmeros pesquisadores estudam quais cepas são seguras de acordo com critérios preestabelecidos. No Brasil, o uso de probióticos em alimentos requer avaliação prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O primeiro pesquisador a avaliar a importância de microrganismos vivos para a saúde da microbiota intestinal foi Ilya Metchnikoff. Em 1907, publicou uma coleção de ensaios sobre indivíduos que ingeriam iogurte diariamente. O cientista via o cólon como um órgão prejudicial, um reservatório de alimentos não digeridos que estimula colônias de bactérias putrefativas. Na sua opinião, isso levou a uma espécie de autointoxicação que desafiaria o sistema imunológico.
Metchnikoff também afirmava que existiam bactérias boas que podiam ser cultivadas por meio do consumo de iogurte búlgaro e outras formas de leite coalhado. Desta forma, alegou que, uma vez no intestino, essas bactérias impediriam a formação de bactérias putrefativas nos alimentos não digeridos. Assim, passou a ingerir iogurte todos os dias, o que fez com que o hábito ganhasse popularidade entre os europeus do começo do século XX.
Ainda assim, somente em 1965 o termo foi usado pela primeira vez, por Lilly & Stillwell – pesquisadores que publicaram um artigo sobre a simbiose de dois protozoários. Desde então, muitos cientistas evoluíram na definição de probióticos. Em 1974, o pesquisador norte-americano Robert B. Parker usou o termo para indicar organismos e substâncias que contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal. Em 1989, o pesquisador inglês Richard Fuller propôs que probiótico fosse considerado ‘suplemento alimentar microbiano vivo que afeta beneficamente o animal hospedeiro melhorando o equilíbrio intestinal’.
Posteriormente, outros pesquisadores sugeriram que os probióticos não deviam ser limitados a organismos benéficos à microbiota intestinal, mas também à flora vaginal e respiratória. Os estudos sobre o assunto continuam em todo o mundo, inclusive no Brasil. Portanto, novas descobertas devem continuar acontecendo de forma a beneficiar cada vez mais a saúde das pessoas.
Colesterol
Os alimentos contendo probióticos têm várias funções para além de beneficiar a saúde do intestino. Uma delas é contribuir para reduzir a concentração de colesterol e triglicerídeos no plasma, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. Isso ocorre porque as bactérias probióticas têm a capacidade de desconjugar os ácidos biliares e se ligar ao colesterol, aumentando a excreção pelas fezes.
Entre outros inúmeros benefícios atribuídos aos probióticos está a diminuição de metabólitos pró-cancerígenos no cólon, o que pode significar uma importante proteção para evitar o desenvolvimento da doença. Estudos também comprovam a ação dos probióticos para diminuir a frequência e a duração de diarreia associada ao uso de antibióticos. Além disso, probióticos podem estimular a imunidade humoral e celular, melhorar a digestão da lactose, a constipação e os sintomas da síndrome do cólon irritável.