Muito cuidado com o coração feminino

Entrevistas

Carla Janice Baister Lantieri

Por Adenilde Bringel

Em 2022, o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicou um posicionamento sobre saúde cardiovascular nas mulheres no Brasil. Este documento trouxe dados sobre o aumento de casos de doenças cardiovasculares (DCV) na população feminina e acendeu um alerta para a prevenção de forma integrada. Um dos fatores preocupantes é o fato de a mulher não apresentar os sintomas clássicos de um infarto agudo do miocárdio, por exemplo, o que faz com que possa subestimar seus sintomas e deixar de procurar atendimento médico. A cardiologista Carla Janice Baister Lantieri, médica assistente da disciplina de Cardiologia do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC e membro do Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC – que contribuiu para a construção deste posicionamento – detalha o que está acontecendo com o coração feminino e sugere algumas atitudes que devem ser tomadas para evitar o agravamento desses índices.

Quais foram os resultados mais importantes desse posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia?

Temos dados do Datasus e de outros levantamentos epidemiológicos mostrando que o cenário para as doenças cardiovasculares nas mulheres não é nada bom. Perdemos, por ano, aproximadamente 170 mil mulheres no País para essas enfermidades – entendendo que as doenças cardiovasculares são as que mais matam mulheres e homens. O que nos traz uma grande preocupação é o fato de que um número enorme da população não tem essa informação. As doenças cardiovasculares podem se iniciar ainda em uma fase muito precoce da vida da mulher e há necessidade de levarmos essas informações para a sociedade para que haja acolhimento, diagnóstico precoce e tratamento adequado durante toda a vida.

Quais sintomas são indicativos de doença cardiovascular na mulher?

Quando falamos em doenças cardiovas­culares, comumente lembramos dos sin­tomas clássicos do infarto agudo do miocárdio, como dor no peito (precordialgia), que pode irradiar para a mandíbula e para o braço esquerdo. Entretanto, nas mulheres que estão infartando os sintomas podem ser um simples cansaço, uma indisposição, uma falta de ar. O fato de a mulher não apresentar os sintomas clássicos faz com que possa subestimar seus sintomas e deixar de procurar atendimento médico. A diferença de sintomas no sexo feminino acontece por várias razões. A anatomia das artérias coronárias da mulher é diferente das do homem. Na mulher, as artérias coronárias são de menor cali­bre, mais finas, e existe um comprometimento maior da microvascularização. Também há um componente associado ao vasoespasmo coronariano, que pode estar presente sem lesões obstrutivas das artérias. Mulheres que infartam também têm pior prognóstico quando comparadas aos homens. Aqui fica um alerta: a mulher pode não apresentar a dor precordial e a sensação de náusea e, mesmo assim, estar infartando. Portanto, deve ser orientada a buscar o serviço de atendimento médico o mais rápido possível, mesmo com sintomas não clássicos do infarto agudo do miocárdio. Alguns estudos mostram que a mulher demora mais tempo para procurar ajuda, e isso precisa mudar. Outro aspecto a ser considerado é a importância de orientarmos, cada vez mais, as equipes de saúde que recebem essa mulher para não subestimarem a queixa referida. No infarto, tempo é vida; quanto mais tempo sem tratamento, maior é a lesão do músculo cardíaco e isso impactará na sobrevida da mulher. A mulher se expõe a um risco maior, inclusive, de mortalidade.

As mulheres normalmente vão ao médico mais do que os homens. O coração não faz parte desse check up?

Este é um fato importante. Mulheres se cuidam, especialmente quando falamos da prevenção do câncer. Porém, ainda não ­existe a cultura de se preocuparem com a saúde do coração. A mulher tem a rotina de procurar o ginecologista, de levar seus familiares aos médicos; frequentemente cuida do marido, dos pais, dos filhos, mas se esquece da própria saúde. É fundamental que a mulher faça prevenção das doenças ginecológicas, do câncer de mama, do câncer de útero, e que crie o hábito de também fazer a prevenção das doenças que mais matam as mulheres atualmente, que são as cardiovasculares. O cuidado com a saúde do coração da mulher deve iniciar ainda na adolescência e continuar por toda a vida.

A doença cardiovascular envolve uma série de eventos. Quais deles mais atingem as mulheres?

Quando falamos em doenças cardiovasculares, os maiores eventos se referem aos diferentes leitos arteriais. Quando temos um evento em nível cerebral ocorre o que conhecemos por acidente vascular cerebral. Quando ocorre o acometimento das artérias coronárias, evolui para o infarto agudo do miocárdio. Já no leito periférico, nas artérias dos membros inferiores, ocorrem as doenças obstrutivas periféricas. É preciso ressaltar que os eventos maiores são as complicações das DCV. Na maioria das vezes, o início da doença tem sua origem com a presença de um ou mais fatores de risco como diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, sedentarismo, obesidade, tabagismo, qualidade ruim do sono e estresse. Todos esses fatores levam a alterações patológicas das artérias – que conhecemos como aterosclerose.

Esses fatores de risco acometem tanto homens como mulheres, certo?

Sim, mas é importante lembrar que, além desses fatores de risco, temos a peculiaridade do gênero feminino. Algumas mulheres apresentam outros fatores inerentes ao sexo feminino, por exemplo, síndrome do ovário policístico, que aumenta o risco das doenças cardiovasculares; menarca precoce, menopausa precoce, doenças autoimunes, hipertensão gestacional e diabetes gestacional. Outro fator que interfere é a violência contra a mulher e as alterações sofridas pelas condições socioeconômicas que algumas mulheres apresentam. O estresse crônico pode levar ao aumento de cortisol, de adrenalina, de possibilidade de essa mulher ter mais pressão alta, algum tipo de alteração do ponto de vista de saúde mental, traço de depressão, de angústia, de ansiedade, de síndrome de Burnout, síndrome do pânico, ou seja, é muito complexo. Portanto, a prevenção dos fatores de risco e o controle desses fatores diminui a chance dos eventos maiores. Dentro desse aspecto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia – especificamente o Departamento de Cardiologia da Mulher – destaca a importância desse posicionamento para que possamos entender quais são as características inerentes para o aumento das doenças cardiovasculares no sexo feminino. Da mesma forma, devemos orientar a mulher para que faça uma avaliação cardiológica periódica e busque ajuda, quando necessário, para ser acolhida, acompanhada e tratada adequadamente.

Este é um fato importante. Mulheres se cuidam, especialmente quando falamos da prevenção do câncer. Porém, ainda não ­existe a cultura de se preocuparem com a saúde do coração.”

Cada fase da vida feminina tem um determinado risco, inclusive para eventos cardiovasculares?

Podemos dizer que sim. A mulher tem a fase pré-púbere e depois a ­adolescência, com uma avalanche de hormônios e alterações estruturais e físicas com o começo da menarca. Depois, passa pela fase reprodutiva, que é importantíssima; entra na fase gestacional, com ­toda uma mudança orgânica; passa pela fase adulta e, depois, chega na fase da menopausa e pós-menopausa. Portanto, o entendimento da saúde da mulher precisa ser visto primeiramente em como essa mulher está e em que fase, em cada ciclo da vida. Também temos de observar as condições ambientais, sociais, epidemiológicas e esses fatores de risco consagrados. Além disso, precisamos investigar os fatores de risco que a mulher traz da sua história familiar – e isso vale para o homem também. Por exemplo, uma história positiva de doença cardiovascu­lar entre pais, avós e irmãos aumenta a chance de ter doenças cardiovasculares.

Quando a mulher deve começar a procurar o cardiologista?

O primeiro cuidado com o coração começa na gestação. Um cuidado com a alimentação e um pré-natal adequado – observando quais riscos a mulher já tem – são fatores importantes para aquela criança que está sendo gerada. Na primeira infância, é fundamental a história familiar. Se é uma família que tem hipercolesterolemia familiar de característica genética, por exemplo, a investigação dos níveis de colesterol dessa criança deve ser o mais precoce possível, inclusive antes dos três anos de idade. Da mesma forma, quando existe algum sintoma ou alguma alteração em relação à pressão arterial ou uma condição de diabetes da criança, vamos individualizar a indicação de acompanhamento, que vai precisar ser visto por outros especialistas além do pediatra, na infância; e do hebiatra, na adolescência. Outra questão é quando a criança, já muito cedo, se expõe aos fatores de risco que consideramos importantes para o aparecimento das doenças cardiovasculares, entre os quais uma alimentação não saudável, a utilização de ultraprocessados desde muito cedo, o não estímulo e a não formação do hábito de fazer atividade física. A Organização Mundial da Saúde preconiza que toda criança deve fazer pelo menos 300 minutos de atividade física por semana. Isso significa que, desde cedo, temos de estimular a criança a brincar, pular, andar de bicicleta, ou seja, manter o corpo em movimento. Infelizmente, muitas vezes, por um contexto amplo e bastante complexo, temos visto um número crescente de crianças e adolescentes sedentários. Outros fatores importantes incluem saúde emocional, diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, sedentarismo e obesidade que, juntos, aumentam em muito a probabilidade do aparecimento dos eventos maiores das doenças cardiovasculares, ainda em uma fase muito precoce da vida adulta – que também temos observado. Quando falamos especificamente da saúde da mulher dentro deste contexto, precisamos lembrar que algumas passam por uma gravidez precoce, e isso nos preocupa muito. E existe uma necessidade de a equipe de saúde fazer um acompanhamento longitudinal, inclusive em relação a determinados tratamentos. Por exemplo, alguns medicamentos para controle de hipertensão terão de ser alterados na gestação, por não serem indicados para uso no período gestacional. Tudo isso faz com que cada vez mais campanhas de conscientização sejam criadas. Uma delas é o ‘Juntos por nós’, de uma empresa ­farmacêutica juntamente com o Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC, por meio da qual temos trazido a importância de levar ao conhecimento da população a necessidade do autocuida­do também. Temos uma lei federal sancionada que contempla o dia 14 de maio como o Dia Nacional da Conscientização das ­Doenças Cardiovasculares da Mulher.

Como a brasileira pode prevenir esses problemas usando o serviço público de saúde, nem sempre disponível?

Esta é a nossa grande missão e nosso grande desafio. Felizmente, as Unidades Básicas de Saúde, na maioria das vezes, contam com a presença do médico da família, de assistente social e de agente de saúde. Parece ser simples falar em promoção da saúde, mas necessitamos compreender o contexto de cada local e, posteriormente, implementar programas de políticas públicas para efetivamente contribuir para prolongar a saúde populacional. Esse processo educacional traz mudanças comportamentais e na alimentação, por exemplo, com a maior oferta de alimentos in natura e diminuição do consumo dos ultraprocessados. Entender o contexto que o indivíduo vive é fundamental. Por isso, quando falamos de acolhimento, tem de ser um acolhimento integral.

O que significa esse acolhimento integral no caso da saúde feminina?

Significa entender em qual situação aquela mulher se encontra: se está em um momento de vulnerabilidade ­social ou financeira, se tem uma história prévia de violência, enfim, tudo isso faz parte. Se não tivermos esse olhar mais amplo, abrindo a câmera e observando de forma mais panorâmica, vamos ­errar, porque não vamos oferecer o ­devido ­tratamento. E a busca de ­parceiros, criando um ecossistema da saúde na intersetorialidade entre o serviço ­públi­co, o serviço ­privado, as sociedades de especialistas, a rede escolar e a socieda­de civil como um todo. Eu coordeno o programa SBC Vai à Escola há mais de 15 anos e, hoje, são quase 200 mil crianças que receberam o programa, em seis estados brasileiros. O Comitê da Criança e do Adolescente realiza a formação de monitores, e esses estruturam oficinas temáticas com os estudantes para mostrar que o estilo de vida saudá­vel previne doenças cardiovas­culares. Começar desde a primeira infância é fundamental, porque criar um estilo de vida saudável é bem melhor do que ter de mudar. A ideia é levar o conhecimento e que possamos produzir o que chamamos de Medicina antecipativa, porque não é possível perder quase 400 mil vidas pelas doenças cardiovasculares no Brasil. No mundo, são 18 milhões de vidas perdidas por causa dessas doenças. E a ­tendência é que, se não fizermos nada, isso só aumente e, em 2050, teremos mais da metade da população brasileira coronariopata. Não podemos cruzar os braços.

O que está faltando para que as crianças voltem a ser mais saudáveis?

Já vivíamos um período bastante delica­do. Veio a pandemia, que agravou o cenário de ‘confinamento infantil’. O tempo na frente das telas aumentou, as crianças passaram a ter uma vida virtual. Aumentou o sedentarismo e o sobrepeso nessa população. Para revertermos essa situação, temos de analisar o contexto familiar que essas crianças estão inseridas e o nível de segurança, seja alimentar ou social. A educação da criança está terceirizada e a escola também fica sobrecarregada. Algumas crianças ficam período integral dentro da escola. Portanto, essa realidade é bastante complexa. Não é fácil, mas entendo que algumas atitudes simples podem mudar esse cenário. Por exemplo, estar mais com os filhos, brincar mais com as crianças e entender quais são, de fato, as necessidades delas. Oferecer seu tempo para a criança, estar ao lado, seja simplesmente jogar bola, caminhar, andar de bicicleta ou ir para o parque. E cabe aos pais oferecerem ambientes saudáveis. Esse comportamento de saúde como um todo pede uma mudança comportamental. E fazemos isso com educação e acolhendo os pais e as famílias, entendendo a condição que aquela família ou aquela comunidade vive para tentar melhorar as condições mesmo assim. Quando temos a proposta de levar alguma melhoria para a saúde, não podemos ter o ‘bom como inimigo do ótimo’, tem de fazer passo a passo. Temos hoje um número enorme de crianças e adolescentes que já aprenderam a fazer horta; o Instituto de Defesa do Consumidor tem feito um trabalho maravilhoso em relação à rotulagem para mostrar o percentual de açúcar, de gordura ou de sal em cada produto. O alimento tem de trazer saúde, não pode trazer doença. No momento em que a gente consegue levar isso de forma educativa para a criança ou o adolescente, eles terão pelo menos a possibilidade de escolher. A ­experiência que tenho em relação à promoção de saúde é muito mais leve do que tratar doenças. Quando se consegue promover a saúde, o indivíduo por si só carrega aquele comportamento para o resto da vida. E isso é o fundamental: construirmos redes, um ecossistema de saúde que trabalhe de fato em prol da saúde dos homens e das mulheres.

“Mesmo nos momentos de dificuldade, manter um pensamento positivo, uma união entre amigos e entre familiares traz benefícios à saúde.”

Quais alimentos colaboram para a saúde do coração e quais prejudicam?

A ciência da nutrição cresceu muito. Primeiro se falava da roda dos alimentos. No início dos anos 2000, começamos a falar muito da pirâmide alimentar, que mostrava a importância da divisão dos grupos – proteínas, vitaminas, carboidratos – e tudo isso contribuiu muito para o entendimento de que os alimentos têm suas características, que podem ser boas ou não tão boas. Hoje, o que temos de grande ferramenta é o Guia Alimentar para a População Brasileira. A primeira edição é de 2012. Depois, foi reeditado em 2014 e, hoje, serve como uma grande ferramenta para que se mostre a diferença entre o que é um alimento in natura, minimamente processado, processado e ultraprocessado. O alimento in natura é tudo o que vem da natureza: fruta, verdura, legume, grão, e é o alimento de fato mais saudável não só para a prevenção das doenças cardiovasculares, mas para a promoção da saúde como um todo. A saúde se faz também pela formação do que vamos produzir na microbiota, que chega pelo alimento que oferecemos. A formação de uma boa microbiota vai fazer com que possamos afirmar que temos mais saúde ou menos saúde. Os estudos, inclusive dentro da Medicina Cardiovascular, têm se voltado para isso cada vez mais. Felizmente, vivemos em um país que oferece uma diversidade de oportunidades. A comida de verdade, o feijão com arroz, a verdura, o legume ainda podem fazer parte da mesa do brasileiro. Entregar para crianças, adolescentes e adultos a informação de que há necessidade de ter uma alimentação saudável para ter saúde é fundamental e faz parte da Medicina Cardiovascular.

Um pesquisador me disse que a longevidade está relacionada aos bons relacionamentos. Sair com as amigas de vez em quando, ajuda?

Ajuda muito! Quem estuda as Blue Zones mostra que a socialização, o propósito, o grupo de amigos e familiares são importantes. Sempre acho que, se passarmos um dia sem sorrir, alguma coisa não está boa, porque acredito que o sorriso faz parte da plenitude do ser humano. Sabemos que existem as vicissitudes da vida, mas, mesmo nos momentos de dificuldade, manter um pensamento positivo, uma união entre amigos e entre familiares traz benefícios à saúde. E temos dados sobre isso, inclusive entre indivíduos infartados quando se avalia, através de questionários validados, o grau de espiritualidade, especialmente o de gratidão e de perdão que têm. Indivíduos com maior espiritualidade têm melhor prognóstico na convalescência. A espiritualidade dentro da Medicina não tem nenhum objetivo de falar sobre religião, mas da compreensão dos pensa­mentos, sentimentos e propósitos de vida. A mulher, quando tem suas metas, seus bons sentimentos, pensamentos de altruísmo, de benevolência e amor próprio, além de amor ao próximo, se empodera mais em buscar ajuda e melhorar a qualidade de vida e a saúde. Esse é um aspecto importante de busca de propósitos. Também estabelecer uma boa higiene do sono e, se preciso, procurar uma equipe multiprofissional para qualificar essa qualidade. A Medicina está voltando a olhar para o indivíduo como um todo. As ­especialidades são extremamente importantes, mas, se perdermos essa visão ampla do indivíduo como um todo, estaremos perdendo a capacidade de tratar, cuidar, acolher, estar junto neste momento da vida das pessoas, especialmente das mulheres. As mulheres precisam ser vistas pelos profissionais da saúde com mais atenção e com mais dedicação, avaliando uma por uma, individualizando e personalizando a vida de cada uma delas.

O que mais é preciso fazer para manter o coração em ordem?

A educação. Criar um comportamento educacional de hábitos saudáveis é fundamental, se autorreconhecer, não se autoexigir, não se punir e não trabalhar com culpa, porque isso não faz bem. Estamos neste momento, na terra, como seres humanos em desenvolvimento. Então, cada dia um dia, buscando acertar e, se errar, buscar ajuda, porque essa é a importância de nos entendermos e nos compreendermos como seres humanos. ­Permitir-se ser humano faz toda a diferença em um contexto de mundo que exige de nós cada vez mais a perfeição, as metas, o tempo sobre o tempo. Eu diria que este é o momento de despertar. Despertar para aquilo que nos faz bem, aquilo que nos traz vontade de acordar todo dia. E aí entram os quatro pilares da saúde – que são alimentação saudável, atividade física, saúde emocional e qualidade do sono – e, sobretudo, nos compreendermos como seres únicos. Não podemos querer que uma transformação ou uma mudança comportamental aconteça da noite para o dia, mas é possível construir um mundo com mais saúde, especialmente para as mulheres que ainda necessitam, em muito, melhorar a qualidade da sua vida, se entenderem, se compreenderem e serem valorizadas em uma sociedade mais igualitária, uma sociedade que tenha esse olhar mais atento à saúde feminina.